Paulo Coelho

Stories & Reflections

Edií§í£o nº 129: Histórias sobre a arrogí¢ncia

Author: Paulo Coelho

A arrogí¢ncia do poder

Mestre e discí­pulo conversavam numa esquina, quando uma velha os abordou:

“Saiam da frente da minha vitrine!”, gritou a velha. “Vocíªs estí£o atrapalhando os fregueses”.O mestre pediu desculpas, e mudou de calí§ada.

Continuaram a conversa, quando um oficial aproximou-se.

 “Precisamos que o senhor se afaste desta calí§ada”, disse o oficial. “O conde irá passar por aqui daqui a pouco”.

“Que o conde use o outro lado da rua”, respondeu o mestre, sem se mover. Depois se virou para seu discí­pulo:

“Ní£o esqueí§a: jamais seja arrogante com os humildes. E jamais seja humilde com os arrogantes.”

A arrogí¢ncia da santidade

O monge zen passou dez anos meditando em sua caverna, procurando descobrir o caminho da Verdade. Certa tarde, enquanto orava, um macaco aproximou-se.

O monge tentou concentrar-se.O macaco, porém, aproximou-se de mansinho e pegou a sandália do monge.

– Macaco danado! – disse o ermití£o. – Por que veio perturbar minhas oraí§íµes?

– Estou com fome – disse o macaco.

– Vá embora! Vocíª atrapalha minha comunicaí§í£o com Deus!

– Como deseja falar com Deus, se ní£o consegue comunicar-se com os mais humildes, como eu? – disse o macaco.

E o monge, envergonhado, pediu desculpas.

A arrogí¢ncia da forí§a

A aldeia estava ameaí§ada por uma tribo de bárbaros. Os habitantes foram abandonando suas casas, e fugindo para um local mais seguro. No final de um ano, todos haviam partido – exceto um grupo de jesuí­tas.

O exército bárbaro entrou na cidade sem resistíªncia, e fizeram uma grande festa para comemorar a vitória. No meio do jantar, um padre apareceu.

“Vocíªs entraram aqui, e afastaram a paz do lugar. Peí§o por favor que partam sem demora.”

“Por que vocíª ainda ní£o fugiu?”, gritou o chefe bárbaro. “Ní£o víª que eu posso atravessá-lo com minha espada, sem piscar um olho?”

O padre respondeu calmamente:

“Ní£o víª que eu posso ser atravessado por uma espada, sem piscar um olho?”.

Surpreso pela serenidade diante da morte, o chefe bárbaro e sua tribo abandonaram o lugar no dia seguinte.

A arrogí¢ncia da inveja

No deserto da Sí­ria, Satanás dizia aos seus discí­pulos: “o ser humano está sempre mais preocupado em desejar o mal aos outros, que em fazer o bem a si próprio”.

E para demonstrar o que dizia, resolveu testar dois homens que descansavam ali perto.

“Vim realizar seus desejos”, disse para um deles. “Pode pedir o que quiser, que lhe será dado. Seu amigo receberá a mesma coisa – só que em dobro”.

O homem permaneceu em silíªncio por longo tempo.

Finalmente, disse:

“Meu amigo está contente, porque terá sempre o dobro, seja qual for meu desejo. Mas consegui preparar-lhe uma armadilha: o meu pedido é que vocíª me deixe cego de um olho”.

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