Paulo Coelho

Stories & Reflections

O Enigma

Author: Paulo Coelho

No dia 30 de dezembro de 2009 eu estava junto a um monumento celta, pensando na década que logo iria terminar. E refletia: até que ponto a realidade virtual havia substituí­do o gosto pela aventura?
Neste momento, lembrei-me da busca pela minha espada no caminho que havia mudado minha vida, e como tal peregrinaí§í£o fora importante para que eu me tornasse a pessoa que sempre sonhei ser, vivendo minha lenda pessoal. Era chegado o momento de laní§ar o mesmo desafio a alguém, e isso estou fazendo agora: peregrino ou peregrina, vá em busca da espada. Ofereci uma espada que tinha ganho de presente, e 10.000 USD em dinheiro – em troca de uma série de fotos.
Menos de um mes depois (dia 7 de fevereiro 2010) , para minha surpresa, um peregrino encontrava a espada. Se desejar, leia o texto original de O desafio


O ENIGMA

A menos de um quilometro do meridiano de Greenwich encontra-se a espada. Portanto, se ela fosse o único objetivo desta busca, ní£o seria muito difí­cil localiza-la.

Afinal de contas, ela dorme em uma manjedoura, aguardando a mí£o que irá leva-la para longe. Mas a espada tem seus caprichos. Quando acordar, pedirá ao seu Guardií£o quem está chegando, e só se entregará ao primeiro que cumprir todas as provas.

O Guardií£o pedirá as muitas imagens. E o primeiro guerreiro ou guerreira que cumprir as tarefas terá acesso í  manjedoura. Sim, a conquista foi sobretudo a jornada, mas da mesma maneira que em “O Alquimista” o pastor descobre as moedas, o guerreiro ou guerreira receberá – além da espada – seu premio em dinheiro.

PRIMEIRA PROVA

No lugar onde Pelayo viu a chuva de estrelas, uma cidade nasceu entre os rios Tambre e Ulla. No centro desta cidade, um antigo canteiro de obras foi transformado em uma praí§a. No centro desta praí§a, há uma marca no chí£o.

A imagem desta marca é a primeira prova.

Plaza del Obradoiro, “O diario de um mago”

SEGUNDA PROVA

Caminhando em direí§ao ao sol nascente. Na montanha que ganhou o nome de Fevereiro, eu encontrei minha espada diante do Santo Graal.

Fique um dia ali. Converse com a terceira pessoa que encontrar.

A imagem do Santo Graal é a segunda prova. A imagem da terceira pessoa que encontrar é tambem a segunda prova.

O Cebreiro, “O diario de um mago”

TERCEIRA PROVA

Continue em direí§í£o ao sol nascente. Em um lugar que renasceu das cinzas, um bruxo com dois dentes de ouro prepara uma poí§í£o mágica nas noites em que lhe dá vontade de fazer isso. Essa poí§í£o tem o dom de exorcizar os maus espirí­tos, e obedece a um ritual onde fogo, água terra e ar sí£o invocados.

Trabalhe um dia ali. Acolha quem precisar ser acolhido, cuide de quem precisar ser cuidado. Convení§a o bruxo a fazer o ritual para voce e para os que chegarem naquele dia.

A sua imagem com o bruxo é a terceira prova. A imagem de alguém que voce cuidou também é a terceira prova.

Antes de sair, pegue uma pedra no chí£o.

Ave Fenix, Jesus Jato , “O diario de um mago”

Ave Fenix, Jesus Jato , “O diario de um mago”

QUARTA PROVA

Continue em direí§í£o ao sol nascente. Irá encontrar um monte, e no topo deste monte uma estaca de madeira, colocada ali pelos romanos para homenagear o deus Mercúrio. Deposite sua pedra ali.

Cruz de Ferro, “O diario de um mago”

Perto deste monumento, há uma cidade que em 1986 eu profetizei que ela renasceria. Ela renasceu.

No centro da cidade que renasceu há uma cruz.

A sua imagem junto ao monumento a Mercurio é a quarta prova. A sua imagem diante da cruz na cidade que renasceu é também a quarta prova.

Foncebadon, “O diario de um mago”

QUINTA PROVA

Continue caminhando em direí§ao ao leste. Um ex-proxeneta larga tudo e resolve acolher peregrinos que se aventuram no inverno e no verao, no outono e na primavera;e pouco a pouco ele comeí§a a caminhar em direí§í£o í  santidade. O telhado do seu albergue foi doado por Sí£o José.

Trabalhe um dia ali. Acolha quem precisar ser acolhido, cuide de quem precisar ser cuidado.

Sua imagem com este homem é a quinta prova. A imagem de alguem de quem voce cuidou também é a quinta prova.

Acacio Paz

Refugio Acacio y Orietta

SEXTA PROVA

Continue em direí§í£o ao sol nascente. Em uma colina no meio de uma planí­cie, nasceu um rei que marcaria a história do paí­s onde vocíª se encontra. No alto desta colina, olhe í  sua volta; í  distí¢ncia poderá ver um longo muro de pedra que ní£o é um muro, é pedra. O vento a trabalhou de tal maneira que parece vestigios de um templo inca.

Sua imagem diante deste muro é a sexta prova.

SOS del Rey Catolico, Navarra

SETIMA PROVA

Siga em direí§ao ao mar que na verdade está cercado de terra. Ao lado da grande cidade, conta a lenda que os anjos vieram dos céus e serraram as rochas de modo a construir um trono para a Virgem Negra que se encontra ali.

Sua imagem diante do lugar onde está a Virgem Negra é a sétima prova.

Virgen de Montserrat, Catalunya

OITAVA PROVA

Cruze as montanhas, seguindo em direí§í£o ao leste, e caminhe para o norte. No alto de uma das elevaí§íµes, existe uma fortaleza onde Brida descobre sua encarnaí§í£o passada.

Sua imagem nesta fortaleza é a oitava prova.

Montsegur, “Brida”

NONA PROVA

Continue em direí§í£o a um antigo acampamento romano que foi batizado com o nome de uma princesa fení­cia. Ali pergunte por um antigo monumento celta no meio de um campo de milho. Se ninguém souber a resposta, pegue a antiga estrada que leva até a cidade onde vivia um rei que decidiu colocar comida na mesa de todos os habitantes do seu reino. Caminhe entre tríªs e cinco quilí´metros, e pouco antes de chegar em um albergue onde as mulheres dí£o de comer, vire í  sua direita e siga adiante. Encontrará o monumento.

Sua imagem diante do monumento é a nona prova.

Dolmen celta “O demonio e a Srta Prym”

DECIMA PROVA

Uma menina víª outra menina de branco. A menina de branco pede que cave um buraco, coma terra e beba a água. Ali nasce uma fonte.

Beba desta água, e lave seu rosto com ela.

Sua imagem diante do lugar onde a a fonte nasceu é a décima prova.

Lourdes, “Na margem do rio Piedra me sentei e chorei”

DECIMA-PRIMEIRA PROVA

Em um dos sete vales está um vilarejo no alto de um montanha, onde Pilar e seu companheiro sentam-se na fonte e conversam. Mais tarde, Pilar irá até o rio Piedra chorar suas mágoas, mas isso já é outra história.

O que importa é que neste vilarejo vive uma feiticeira de tradií§í£o cátara cuja casa pegou fogo, es ela saiu ilesa.

Sua imagem junto da fonte, e sua imagem com a feiticeira é a décima-primeira prova.

Saint Savin, “Na margem do rio Piedra me sentei e chorei”

Jacqueline, “O demonio e a Srta Prym”

Continue seguindo em direí§í£o í s montanhas. Em algum lugar Chantal Prym viveu, e ali está uma fonte onde um sapo bebe a água do sol.

Ní£o pergunte muito sobre a origem da fonte; os habitantes da cidade ní£o sabem.

Sua imagem diante da fonte também é parte da décima-primeira prova.

Viscos, “O demonio e a Srta Prym”

DECIMA-SEGUNDA PROVA

A décima-segunda prova é o caminho final até a espada.

Prepare todas as suas imagens, porque a peregrinaí§í£o está no seu dia final.

Caminhe até o vilarejo cujo nome vem do general romano que cortou parte do seu manto para abrigar um pobre.

Ali existe um portí£o, e detrás deste portí£o um carvalho sagrado, com uma fita amarrada em seu tronco. O Guardií£o lhe espera, mas só lhe deixará passar depois que conferir todas as imagens.

O Guardií£o, uma vez de posse de todas as provas, irá lhe conduzir a um lugar distante, onde está a manjedoura e a espada.

E embora a recompensa maior seja o caminho, a arte da alquimia é projetar no plano material aquilo que foi conquistado no plano espiritual.

A viagem, a espada e o dinheiro serí£o do primeiro ou da primeira que fez o caminho de maneira impecável.

17:58 ~ 07-02-2010

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