Paulo Coelho

Stories & Reflections

Edií§í£o nº 131: Sempre sabem o que é melhor para a gente

Author: Paulo Coelho

Evite o reumatismo

A centopéia resolveu perguntar ao sábio da floresta, um macaco, qual o melhor remédio para a dor em suas pernas.
“Isto é reumatismo”, disse o macaco, “Vocíª tem pernas demais. Precisava ser assim como eu; com apenas duas, raramente o reumatismo aparece”.
“E como faí§o para ter apenas duas pernas?”
“Ní£o me amole com detalhes”, respondeu o macaco. “Um sábio apenas dá o melhor conselho; vocíª que resolva o problema”.

Posso ajudar?

Assim que abriu a igreja, o padre viu uma mulher entrar, sentar-se no banco da frente, e colocar a cabeí§a entre as mí£os. Duas horas depois, reparou que a mulher ainda estava ali, na mesma posií§í£o.
Preocupado, resolveu aproximar-se:
“Posso fazer algo para ajudar?”, perguntou.
“Ní£o, obrigada”, respondeu ela. “Eu já estava conseguindo toda ajuda que preciso, quando o senhor me interrompeu”.
O jesuí­ta Anthony Mello comenta: “num mosteiro ní£o estava escrito Ní£o fale. Estava escrito: Fale apenas se puder melhorar o silíªncio.”

Eu sei o que está certo

Um camponíªs voltava para casa, quando viu um jumento no campo.
“Ní£o sou apenas um jumento”, disse o animal. “Vi o Messias nascer. Vivo há dois mil anos, e estou vivo para dar este testemunho.”
Assustado, o camponíªs correu para a igreja e contou ao pároco. “Impossí­vel”, disse ele. O camponíªs pegou-o pelas mí£os e levou-o até onde estava o jumento. O animal repetiu tudo que dissera.
“Repito: animais ní£o falam” disse o padre.
“Mas o senhor ouviu!” – insistiu o camponíªs.
“Como vocíª é tolo! Prefere acreditar num jumento que num padre!”

Isso vai funcionar também conosco

Uma fábula do escritor libaníªs Mikail Naaimé pode ilustrar bem o perigo de seguir os métodos dos outros, por mais nobres que pareí§am ser:
“Precisamos nos libertar da escravidí£o que o homem nos mantém”, disse um boi aos seus companheiros. “Durante anos, escutamos os seres humanos dizendo que a porta da liberdade está manchada com o sangue dos mártires. Vamos descobri-la e entraremos ali com a forí§a dos nossos chifres”.
Caminharam durante dias e noites pela estrada, até que viram uma porta toda manchada de sangue.
“Eis a porta da liberdade”, disseram. “Sabemos que nossos irmí£os foram sacrificados aí­”.
Um a um, os bois foram entrando. E só lá dentro, quando já era tarde demais, foi que se deram conta: era a porta do matadouro.

Decidindo o destino alheio

Malba Tahan conta a história de um homem que encontrou um anjo no deserto, e lhe deu água. “Sou o anjo da morte e vim buscá-lo”, disse o anjo. “Mas como vocíª foi bom, vou lhe emprestar o Livro do Destino por cinco minutos; vocíª pode alterar o que quiser”.
O anjo entregou o livro. Ao folhear suas páginas, o homem foi lendo a vida dos seus vizinhos. Ficou descontente: “estas pessoas ní£o merecem coisas tí£o boas”, pen sou. De caneta em punho, comeí§ou piorar a vida de cada um.
Finalmente, chegou na página de seu destino. Viu seu final trági co, mas quando preparava-se para mudá-lo, o livro sumiu. Já se tinham passado cinco minutos.
E o anjo, ali mesmo, levou a alma do homem.

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