Paulo Coelho

Stories & Reflections

Edií§í£o nº 165 : Aprendendo com as flores

Author: Paulo Coelho

Por que continuar lutando

O leitor Gerson Luiz conta a história de uma rosa que queria a companhia das abelhas, mas nenhuma vinha até ela.

Mesmo assim, a flor ainda era capaz de sonhar. Ao sentir-se só, imaginava um jardim coberto de abelhas, que vinham lhe beijar. E conseguia resistir até o próximo dia, quando tornava a abrir suas pétalas.

– Vocíª ní£o está cansada? – deve ter perguntando alguém.

– Ní£o. Preciso continuar lutando – responde a flor.

– Por quíª?

– Porque, se eu ní£o me abrir, eu murcho.

Aprendendo a ver

Buda reuniu seus discí­pulos, e mostrou uma flor de lótus.

– Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mí£os.

O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importí¢ncia das flores. O segundo compí´s uma linda poesia sobre suas pétalas. O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.

Chegou a vez de Mahakashyap. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.

– É uma flor de lótus – disse Mahakashyap. – Simples, como tudo que vem de Deus. E bela, como tudo que vem de Deus.

– Vocíª foi o único que viu o que eu tinha nas mí£os – foi o comentário de Buda.

Em busca de um sábio

Durante dias o casal caminhou quase sem conversar. Finalmente chegaram no meio da floresta, e encontraram o sábio.

– Minha companheira quase ní£o falou comigo durante a viagem –  disse o rapaz.

– Um amor que ní£o tem silíªncio é um amor sem profundidade –  respondeu o sábio.

– Mas ela nem mesmo disse que me amava!

– Há pessoas que vivem dizendo isto. E terminamos por desconfiar da verdade de suas palavras.

Os tríªs sentaram-se em uma pedra. O sábio apontou para o campo de flores ao redor.

– A natureza ní£o fica repetindo o tempo todo que Deus nos ama. Mas através de suas flores, compreendemos isto.

Na loja de flores

A mulher caminhava por um centro comercial quando reparou no cartaz: uma nova loja de flores. Ao entrar, levou um susto; ní£o viu nenhum vaso, nenhum arranjo, mas era Deus, em pessoa, que estava atendendo no balcí£o.

– Pode pedir o que quiser – disse Deus.

– Quero ser feliz. Quero paz, dinheiro, capacidade de ser compreendida. Quero ir para o céu quando morrer. E quero que tudo isto seja também concedido aos meus amigos.

Deus abriu alguns potes que estavam na prateleira atrás dele, tirou vários grí£os de dentro, e estendeu para a mulher.

– Aí­ estí£o as sementes – disse. – Comece a plantá-las, porque aqui nós ní£o vendemos os frutos.

tags technorati :

Subscribe to Blog

Join 17K other subscribers

Stories & Reflections

Social

Paulo Coelho Foundation

Gifts, keepsakes and other souvenirs

Souvenirs