Stories & Reflections
Ilustrado por Ken Crane
Era uma vez um sábio muito conhecido, que cansado de conviver com os homens, havia escolhido uma vida simples, e passava a maior parte do tempo meditando.
Sua fama, porém, era tí£o grande, que as pessoas estavam dispostas a andar por caminhos estreitos, subir colinas escarpadas, vencer rios caudalosos – apenas para conhecer aquele homem santo. O sábio, como era um homem cheio de compaixí£o, dava um conselho aqui, outro ali. Mesmo assim, eles apareciam em grupos cada vez maiores, e certo dia uma multidí£o bateu í sua porta, dizendo que histórias a seu respeito haviam sido publicadas, e todos estavam certos que ele sabia como superar as dificuldades da vida.
O sábio pediu que sentassem e esperassem. Quando ní£o havia espaí§o para mais ninguém, ele dirigiu-se ao povo que estava diante de sua porta:
– Hoje vou dar a resposta que todos desejam. Mas vocíªs prometem que, assim que tiverem seus problemas resolvidos, dirí£o aos novos peregrinos que me mudei daqui – de modo que possa continuar a viver na solidí£o que tanto almejo. Contem-me seus problemas.
Alguém comeí§ou a falar, mas foi logo interrompido por outras pessoas. Minutos depois, a confusí£o estava criada.O sábio deixou que a situaí§í£o se prolongasse um pouco, até que gritou:
– Silíªncio! Escrevam seus problemas e coloquem o papel na minha frente.
Quando todos terminaram, o sábio misturou todos os papéis em uma cesta, pedindo em seguida:
– Passem esta cesta por todos; que cada um tire o papel que está em cima, e leia o que foi escrito. Vocíªs podem escolher entre passar a ter o problema que está escrito ou vocíªs podem pedir seu problema de volta a quem os sorteou.
Cada um dos presentes pegou uma das folhas de papel, leu, e ficou horrorizado. Concluíram que aquilo que tinham escrito, por pior que fosse, ní£o era tí£o sério como o que afligia o seu vizinho. Duas horas depois, trocaram os papéis, e cada um tornou a colocar no bolso o seu problema pessoal, aliviado por saber que sua aflií§í£o ní£o era tí£o dura como imaginava.
Agradeceram a lií§í£o, desceram a montanha com a certeza de que eram mais felizes que os outros, e – cumprindo o juramento feito – nunca mais deixaram que ninguém perturbasse a paz do santo homem.