Paulo Coelho

Stories & Reflections

Introduí§í£o ao Manuscrito

Author: Paulo Coelho

Em dezembro de 1945, dois irmí£os que buscavam um lugar de descanso, encontraram uma urna cheia de papiros em uma caverna na regií£o de Hamra Dom, no Alto Egito. Ao invés de avisarem as autoridades locais – como exigia a lei – resolveram vende-los pouco a pouco no mercado de Antiguidades, evitando desta maneira chamar a atení§í£o do governo.
Os outros pergaminhos comeí§aram a aparecer no mercado negro. Em breve o governo egí­pcio se deu conta da importí¢ncia da descoberta, e proibiu que saí­ssem do paí­s. Logo depois da revoluí§í£o de 1952, a maior parte do material foi entregue ao Museu Copta do Cairo, e declarado patrimí´nio nacional. Sí£o conhecidos como “Os manuscritos de Nag Hammadi”
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Os papiros encontrados sí£o traduí§íµes gregas de textos escritos entre o final do primeiro século da Era Cristí£ e o ano 180 D.C., também conhecidos por “Evangelhos Apócrifos”, já que ní£o se encontram na Biblia tal qual a conhecemos hoje.
Por que razí£o?
No ano 170 D.C., um grupo de bispos reuniu-se para definir quais os textos que fariam parte do Novo Testamento. O critério foi simples: tudo aquilo que pudesse combater as heresias e divisíµes doutrinárias da época. Foram selecionados os atuais evangelhos, as cartas, e tudo que tivesse uma certa “coeríªncia”, digamos, com a ideia central do que julgavam ser o Cristianismo. A referíªncia ao encontro de bispos e a lista de livros aceitos está no desconhecido “Cí¢none Muratori”.

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Em 1974, um arquelógo inglíªs, Sir Walter Wilkinson, descobriu perto de Nag Hammadi um outro manuscrito, desta vez escrito em tríªs lí­nguas: árabe, hebreu, e latim. Encaminhou o texto ao Departamento de Antiguidades do Museu do Cairo. Pouco tempo depois veio a resposta: havia pelo menos 155 cópias circulando no mundo e eram todas praticamente iguais. Testes revelaram que o pergaminho era relativamente recente – escrito possivelmente no ano 1307 da Era Cristí£. Ní£o foi difí­cil traí§ar sua origem até a cidade de Accra (Acre), fora do território egí­pcio. Portanto, ní£o havia qualquer restrií§í£o para sua saí­da do paí­s, e Sir Wilkinson recebeu uma permissí£o escrita do governo ( Ref. 1901/317/IFP-75 datada de 23 de novembro de 1974) para leva-lo í  Inglaterra.

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Conheci o filho de Sir Walter Wilkinson no natal de 1982, em Portmadog (Paí­s de Gales, Reino Unido). Lembro-me que na época ele mencionou o manuscrito encontrado pelo pai, mas nenhum de nós deu muita importí¢ncia ao assunto. Mantivemos uma relaí§í£o cordial através de todos estes anos, e tive oportunidade de ve-lo pelo menos mais duas vezes quando visitei o paí­s para a promoí§í£o de meus livros.

No dia 30 de novembro de 2011 recebi uma cópia do texto ao qual se referira em nosso primeiro encontro. E o livro é baseado nesta cópia.

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