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(transcrito aqui porque a Folha é um portal fechado, e acho a matéria muito relevante)

Jaron Lanier, 58, não poupa críticas ao modelo de negócios baseado em publicidade, que sustenta a maior parte do que conhecemos por internet hoje. Serviços gratuitos como Facebook, Google e WhatsApp, no fundo, cobram caro. Na visão de Lanier, manipulam, mudam comportamentos e, muitas vezes, nos tornam babacas.

O sr. fala em recriar a internet. Como?

Chegamos aqui por vários erros, muitos cometidos por pensarmos que era o caminho certo. Alguns são econômicos e vêm desde o início da internet, quando predominava o pensamento de que tudo deveria ser feito só por empresas de tecnologia e sem interferências. Uma ideologia libertária forte criou monopólios.
Tínhamos a ideia de que a única forma de inovar e manter o serviço livre era com um modelo baseado em publicidade, o que nos trouxe a um contexto de vigilância universal. Defendo algumas possibilidades, como um sistema em que as pessoas possam ser pagas pelo que fazem online e paguem pelo que gostam de fazer on-line. Isso tira o dinheiro da publicidade e torna a relação mais direta e honesta.

A comunicação no WhatsApp não é mediada por anúncios.

A experiência da superfície é diferente, mas se trata da mesma coisa do Facebook, que leva em conta as métricas do WhatsApp. Se você destrói uma coisa pelo preço de ajudar, não ajuda. É o que está ocorrendo com serviços gratuitos: o lixo [de informação] deles está acabando com a sociedade.

Como as pessoas seriam pagas?

Os dados são captados das pessoas por plataformas que as vigiam o tempo todo, incluindo o WhatsApp. Esses dados são usados para programas de inteligência artificial, que acabam roubando empregos. Podemos encontrar um modo de compensação. Além disso, quando pagamos por algo na internet, fica melhor. O exemplo é a Netflix.

Não há risco de criar novos ciclos de monopólio?

Sim, mas a Netflix está muito longe disso, não há comparação com Facebook e Google. A Netflix criou competidores com preços diversos e conteúdos que agradam às pessoas.

Por que o modelo de anúncio nos transforma?

A publicidade tradicional era uma comunicação de via única. Quando você olhava para o anúncio da TV, ele não estava te olhando de volta. Na internet, é diferente: há mais informação sendo tirada de você do que que oferecida. Ferramentas em qualquer site captam como seu corpo se mexe, onde você está e tudo sobre seus dispositivos. O que você vê é a menor parte do que acontece.
Toda informação tirada de você é usada para mudar sua experiência online e criar uma sistemática que te prenda. Isso é chamado de engajamento. Chamo de vício. É quase como vício em jogo, há busca por satisfação, e a punição é severa.

Os dez argumentos  de Jaron Lanier

  1. Você está perdendo seu livre-arbítrio
  2. Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos
  3. As redes sociais estão tornando você um babaca
  4. As redes sociais minam a verdade
  5. As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido
  6. As redes sociais destroem sua capacidade de empatia
  7. As redes sociais deixam você infeliz
  8. As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica
  9. As redes sociais tornam a política impossível
  10. As redes sociais odeiam sua alma

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