Paulo Coelho

Stories & Reflections

O sentido do caminho

Author: Paulo Coelho

Estimado leitor (a):

Desde o dia 20 de marí§o estou nesta viagem, maneira que escolhi para comemorar os vinte anos de minha peregrinaí§í£o pelo Caminho de Santiago. Ela me levou a tríªs diferentes continentes (Europa, ífrica, Extremo Oriente), e me permitiu um contato direto com milhares de leitores, a partir do momento que resolvi ser impossí­vel comemorar qualquer coisa sem a presení§a deles.

Em Puente la Reina fiz minha primeira tarde de autógrafos sem os “planejamentos oficiais”, e desde entí£o pude combinar alguns encontros organizados com outros absolutamente espontí¢neos. Todas estas tardes de autógrafos eram seguidas por festas onde comemorávamos juntos o sentido do caminho: encontros. Comemorar, celebrar, discutir, daní§ar, respeitar o mistério da vida mas ao mesmo tempo entender que ní£o estamos sós neste mistério, e precisamos dividir nosso encantamento com outras pessoas que entendem nossa maneira de pensar.

Criei no dia 19 de abril este blog, junto com Paula Braconnot, para que todas estas experiíªncias também pudessem ir além do espaí§o fí­sico, e mergulhar no espaí§o virtual. Quero aproveitar e agradecer í  Paula por seu profissionalismo, seu amor, sua dedicaí§í£o, que superou todas as dificuldades técnicas.

Minha próxima parada, antes de retornar í  casa, será a Alemanha, onde participo da Copa do Mundo como convidado da FIFA. Penso que nada poderei dizer de novo a respeito de futebol, de modo que estou encerrando hoje estes textos. Qualquer comentário será bem-vindo, de modo que nos permita aperfeií§oar a idéia de ter um blog de vez em quando, para conversas.

No dia 22 de junho, se Deus quiser, estarei retornando ao velho moinho nos Pirineus, meu ponto de partida, e logo em seguida viajo para o Brasil.

A cada duas semanas envio uma newsletter a leitores interessados. Quem desejar recebíª-la, pode inscrever-se em , disponí­vel em alguns idiomas.

Em uma de minhas primeiras paradas nesta peregrinaí§í£o, passei por um vilarejo na Espanha. Ali escrevi o texto abaixo. Penso que, ní£o importa de onde viemos, sempre podemos chegar muito mais longe do que imaginamos. Esse é o exemplo que Francisco nos deu, e que devemos seguir.

Dedico este caminho a meus leitores. Muito obrigado pelo apoio de todos, pelas noites que passei lendo as mensagens aqui colocadas, e que me estimulavam sempre a seguir adiante. O sentido do caminho está nas pessoas, e sempre olhamos melhor o mundo quando permitimos que o mistério dos encontros se manifestem. Como diz a última frase de O Diário de um mago : “as pessoas sempre aparecem quando estí£o sendo esperadas.”

Paulo Coelho

Vinte anos depois: Francisco

Tomo café no terraí§o do hotel que dá vista para um castelo, um gigantesco castelo neste pequeno vilarejo com apenas algumas casas, na proví­ncia de Navarra, Espanha. Já é noite, ní£o há lua, estou refazendo de carro minha peregrinaí§í£o a Santiago de Compostela, para comemorar os vinte anos quando cruzei este caminho í  primeira vez.

O vilarejo onde estou, porém, ní£o faz parte do percurso, que passa a uns 19 kms daqui. Mas pretendia visitá-lo, e aqui estou. Há quinhentos anos nasceu neste lugar um homem chamado Francisco. Deve ter brincado muito nos campos em volta do castelo. Deve ter banhado-se no rio que corre por perto. Filho de pais ricos, deixou sua aldeia para completar seus estudos na famosa Universidade Sorbonne, de Paris. Deduzo que foi sua primeira longa viagem.

Era atlético, bonito, inteligente, invejado por todos os alunos – menos por um, vindo da mesma e distante proví­ncia espanhola, que se chamava Inácio. Inácio dizia: “Francisco, vocíª pensa muito em vocíª. Por que ní£o dedicar-se a pensar em outras coisas, como Deus, por exemplo?” Ní£o sabemos porque, mas Francisco, o mais belo e mais valente estudante da Sorbonne, deixa-se convencer por Inácio. Juntam-se com outros alunos, e fundam uma sociedade, que é motivo de risos de todos os outros, a ponto de alguém escrever na porta da sala onde se reuniam: Sociedade de Jesus. Ao invés de ficarem ofendidos, adotam o nome. E a partir daí­, Francisco comeí§a uma viagem sem volta.

Vai com Inácio a Roma, e pede que o Papa reconheí§a a “sociedade”. O pontí­fice aceita encontrar-se com os estudantes, e para estimulá-los, dá o seu acordo. Francisco – que morria de medo de navios e de mar – parte sozinho para o Oriente, imbuí­do do que considera sua missí£o. Nos próximos dez anos visitará a ífrica, a índia, Sumatra, Molucas, Japí£o. Aprenderá novas lí­nguas, visitará hospitais, prisíµes, cidades e vilarejos. Escreverá muitas cartas, mas nenhuma – absolutamente nenhuma – fará referíªncias a pontos “turí­sticos” destes lugares. Comenta apenas a necessidade de levar uma palavra de coragem e esperaní§a aos que sí£o menos favorecidos.

Morre longe do vilarejo onde estou agora tomando meu café – e é enterrado em Goa. Em uma época em que o mundo era imenso, as distí¢ncias quase insuperáveis, os povos viviam em guerra, Francisco achou que devia considerá-lo como uma aldeia global. Supera seus medos porque está consciente que sua vida tem um sentido. Ní£o sabe, enquanto caminha pelo Oriente, que seus passos jamais serí£o esquecidos, e que tudo que plantou dará frutos; está fazendo isso porque é sua lenda pessoal, a maneira que escolheu de viver sua vida.

Quinhentos anos depois, na cidade de Ahmedabad, na índia, um professor pede a seus alunos uma biografia sobre ele. Um dos meninos escreve: “foi um grande arquiteto, porque em todo o Oriente existem escolas que construiu e que levam seu nome.”

Antonio Falces, que dirige um destes colégios, conta que viu duas pessoas conversando:

– Francisco era portuguíªs – diz uma.

– Claro que ní£o. Nasceu e foi enterrado aqui em Goa, responde a outra.

Ambas estí£o erradas, e ambas tinham razí£o: Francisco veio de um pequeno povoado de Navarra, mas era um homem do mundo, e todos os consideravam parte de sua própria gente. Tampouco era arquiteto especializado em construir escolas; mas como diz um de seus primeiros biógrafos, “era como o sol, que ní£o pode seguir adiante sem espalhar luz e calor por onde passa”.

Penso em Francisco: sair daqui, correr o mundo, fazer com que o nome deste pequeno vilarejo seja levado a tantos lugares, a ponto de muita gente achar que é o seu sobrenome. Enfrentar seus medos, renunciar a tudo em nome de seus sonhos – que isso me inspire e me sirva de exemplo; eu que estudei em um dos colégios da tal “sociedade de Jesus”, ou S.J., ou escolas jesuí­tas, como sí£o conhecidas.

Estou no povoado de Xavier. Tanto Francisco como Inácio, que veio de outro pequeno povoado, chamado Loyola, foram canonizados no mesmo dia, 12 de Marí§o de 1622. Naquela manhí£, colocaram uma faixa em um dos muros do Vaticano:

“Sí£o Francisco Xavier fez muitos milagres. Mas o milagre de Santo Inácio é ainda maior: Francisco Xavier.”

Leia os primeiros capitulos do novo livro do Paulo Coelho no seu blog: A Bruxa de Portobello

Se quiser continuar conversando com Paulo Coelho, acesse o blog do Guerreiro da Luz

El sentido del camino

Author: Paulo Coelho

Estimado lector (a):

Desde el dí­a 20 de marzo estoy en este viaje, que fue lo que escogí­ para festejar los veinte años de mi peregrinación por el Camino de Santiago. Esta me llevó por tres continentes (Europa, ífrica, Extremo Oriente), y me permitió un contacto directo con millares de lectores, a partir del momento en que decidí­ que era imposible esa conmemoración sin su presencia.

En Puente de la Reina hice mi primera tarde de autógrafos sin un “planeamiento oficial” y desde entonces pude combinar algunos encuentros organizados con otros absolutamente espontáneos. A todas estas tardes de autógrafos les siguieron fiestas donde conmemorábamos juntos el sentido del camino: encuentros.Festejar, celebrar, discutir, bailar, respetar el misterio de la vida, pero al mismo tiempo, entender que no estamos solos en este misterio y que necesitamos dividir nuestro encantamiento con otras personas que entienden nuestra manera de pensar.

Creé este blog el dí­a 19 de abril junto con Paula Braconnot para que todas estas experiencias pudiesen ir también más allá del espacio fí­sico y zambullirse en el espacio virtual. Quiero aprovechar la oportunidad para agradecer a Paula su profesionalismo, su amor, y su dedicación, que superó todas las dificultades técnicas.

Mi próxima parada antes de retornar a casa será Alemania, donde participo de la Copa del Mundo como invitado de la FIFA. Pienso que nada nuevo podré decir respecto al fútbol, de modo que hoy estoy cerrando estos textos. Cualquier comentario será bienvenido, de forma que nos permita perfeccionar la idea de tener un blog, de vez en cuando, para conversar.

El dí­a 22 de Junio, si Dios quiere, estaré volviendo al viejo molino en los Pirineos, mi punto de partida, y enseguida viajaré para Brasil.

Cada dos semanas enví­o una newsletter para los lectores interesados. Quien desee recibirla puede inscribirse en Guerrero de la Luz Online , disponible en varios idiomas.

En una de mis primeras paradas en esta peregrinación pasé por un poblado en España. Allí­ escribí­ el texto de más abajo. Pienso que no importa de donde venimos; siempre podemos llegar mucho más lejos de lo que imaginamos. Ese es el ejemplo del camino que Francisco nos dio y que debemos seguir.

Dedico este camino a mis lectores. Muchas gracias por el apoyo de todos, por las noches que pasé leyendo sus mensajes colocados aquí­ y que me estimulaban siempre para que siguiese adelante. El sentido del camino está en las personas y siempre vemos mejor el mundo cuando permitimos que el misterio de los encuentros se manifieste. Como dice la última frase de El Peregrino : “las personas siempre aparecen cuando están siendo esperadas.”

Paulo Coelho

Veinte años después: Francisco

Estoy tomando un café en la terraza del hotel con vistas a un castillo, un gigantesco castillo en esta pequeña aldea con apenas algunas casas, en la provincia de Navarra, España. Ya es de noche, no hay luna, estoy rehaciendo en coche mi peregrinación a Santiago de Compostela, para conmemorar los veinte años desde que crucé este camino por primera vez.

La aldea donde estoy, no obstante, no forma parte del recorrido, que pasa a unos 19 kms. de aquí­, pero pretendí­a visitarla y aquí­ estoy. Hace quinientos años nació en este lugar un hombre llamado Francisco. Debe haber jugado mucho en los campos alrededor del castillo. Debe haberse bañado en el rí­o que corre cerca de aquí­. Hijo de padres ricos, dejó su aldea para completar sus estudios en la famosa Universidad de La Sorbonne, en Parí­s. Deduzco que fue su primer viaje largo.

Era atlético, guapo, inteligente, envidiado por todos los alumnos – menos por uno, venido de la misma y distante provincia española, que se llamaba Ignacio. Ignacio decí­a: “Francisco, tu piensas mucho en ti. Por qué no te dedicas a pensar en otras cosas, como en Dios, por ejemplo?” No sé por qué, pero Francisco, el más guapo y más valiente estudiante de La Sorbonne, se dejó convencer por Ignacio. Se juntan con otros alumnos y fundan una sociedad que pasa a ser motivo de risas de todos los otros compañeros, hasta el punto que alguien escribe en la puerta de la sala donde se reuní­an: Sociedad de Jesús. En lugar de sentirse ofendidos, adoptan el nombre. Es a partir de ahí­ que Francisco empieza un viaje sin retorno.

Va con Ignacio a Roma, y le pide al Papa que reconozca la “sociedad”. El pontí­fice acepta encontrarse con los estudiantes y, para estimularlos, les da su aprobación. Francisco – que se morí­a de miedo de los naví­os y del mar – parte solo para Oriente, imbuido de lo que considera su misión. En los próximos diez años visitará ífrica, India, Sumatra, Molucas, Japón. Aprenderá nuevos idiomas, visitará hospitales, prisiones, ciudades y aldeas. Escribirá muchas cartas, pero ninguna – absolutamente ninguna – hará referencias a puntos “turí­sticos” de estos lugares. Comenta sólamente la necesidad de llevar una palabra de coraje y esperanza a los que son menos favorecidos.

Muere lejos de la aldea donde estoy ahora tomando mi café – y es enterrado en Goa. En una época en que el mundo era inmenso, las distancias casi insuperables, los pueblos viví­an en guerra, Francisco creyó que debí­a considerarlos como una aldea global. Supera su miedo al mar, a los naví­os, a la soledad, porque está consciente de que su vida tiene un sentido. No sabe, mientras camina por Oriente, que sus pasos jamás serán olvidados y que todo lo que plantó dará frutos; está haciendo eso porque es su leyenda personal, la manera que escogió de vivir su vida.

Quinientos años después en la ciudad de Ahmedabad, en la India, un profesor pide a sus alumnos una biografí­a sobre él. Uno de los niños escribe: “Fue un gran arquitecto, porque en todo Oriente existen escuelas que construyó y que llevan su nombre”.

Antonio Falces, que dirige uno de estos colegios, cuenta que ya vio a dos personas conversando:

– Francisco era portugués – decí­a una.

– Claro que no. Nació y fue enterrado aquí­ en Goa, respondí­a la otra. Ambos estaban errados, y ambos tení­an razón: Francisco vino de un pequeño pueblo de Navarra, era un hombre de mundo, y todos lo consideraban parte de su propia gente. Tampoco era arquitecto especializado en construir escuelas; pero como dice uno de sus primeros biógrafos, “era como el sol, que no puede seguir adelante sin derramar luz y calor por donde pasa”.

Pienso en Francisco: salir de aquí­, recorrer el mundo, Hacer que el nombre de esta pequeña aldea sea llevado a tantos lugares, hasta el punto de que mucha gente cree que es su apellido. Enfrentarse a sus miedos, renunciar a todo en nombre de sus sueños – que eso me inspire y me sirva de ejemplo; yo que estudié en uno de los colegios de la tal “sociedad de Jesús”, o S.J., o escuelas jesuitas, como son conocidas.

Estoy en el pueblo de Javier. Tanto Francisco como Ignacio, que vino de otra pequeña aldea, llamada Loyola, fueron canonizados el mismo dí­a, 12 de Marzo de 1622. En aquella mañana, colocaron una faja en los muros del Vaticano:

“San Francisco Javier hizo muchos milagros pero el milagro de San Ignacio es todaví­a mayor: Francisco Javier.”

Si quiere Usted continuar hablando con Paulo Coelho, puedes ir al blog Guerrero de la Luz

What the path means

Author: Paulo Coelho

Dear reader:

I have been on this journey since 20 March, this being the way I chose to commemorate the twentieth anniversary of my first pilgrimage on the Way to Santiago. This has taken me to three different continents (Europe, Africa and the Far East) and has enabled me to come into direct contact with thousands of readers, since the moment I decided that it was impossible to celebrate anything without their presence.

At Puente de la Reina I held my first autograph afternoon without any “official planning”, and since then I have managed to combine some organized meetings with other absolutely spontaneous ones. All these autograph-afternoons were followed by parties where together we commemorated the meaning that the path holds: encounters. To commemorate, celebrate, discuss, dance, and respect the mystery of life, but at the same time to understand that we are not alone in this mystery and that we need to share our enchantment with other people who understand our way of thinking.

On 19 April I created this blog together with Paula Braconnot, so that all these experiences could reach beyond physical space and enter virtual space as well. I would like to take this opportunity to thank Paula for her professionalism, love and dedication, which overcame all the technical difficulties.

My next stop before going back home will be Germany, where I will attend the World Cup as guest of FIFA. As I don’t think I will be able to say anything new about football, today I am bringing these texts to an end. Any comments will be most welcome, so that we can perfect the idea of having a blog for occasional conversations.

On 22 June, God willing, I shall be returning to my point of departure, the old mill in the Pyrenees, and right after that I go back to Brazil.

Every two weeks I send a newsletter to interested readers. Whoever wants to receive these can register a, which is available in some languages.

On one of my first stops on this pilgrimage, I found myself in a village in Spain. There I wrote the text below. I believe that, no matter where we come from, we can always reach far beyond what we imagined. This is the example that Francisco gave us, the example we should follow.

I dedicate this path to my readers. Many thanks for the support you have all lent me, and for the nights that I spent reading your messages, which always encouraged me to proceed on my journey. The meaning of the path lies in people, and we always see the world better when we allow the mystery of our encounters to be unveiled. As the last sentence in The Pilgrimage says: “people always turn up when they are expected.”

Paulo Coelho

Twenty years later: Francis

I am having coffee on the terrace of the hotel looking on to a castle, a gigantic castle in this little village with few houses in the province of Navarra, Spain. Night has fallen but there is no moon. I am repeating by car my pilgrimage to Santiago de Compostela to commemorate the twentieth anniversary of the first time I traveled this road.

The village where I find myself, however, is not part of the route, which passes about 19 kilometers from here. I planned to visit it, and here I am. Five hundred years ago a man called Francisco was born in this place. He must have played a lot in the fields that surround the castle. He must have swum in the river that runs close by. The son of rich parents, he left his village to complete his studies at the famous Sorbonne in Paris. I imagine it was his first long journey.

Francis was athletic, good-looking, intelligent and envied by all the other students – except one, who came from the same distant Spanish province and whose name was Ignatius. Ignatius said to him: “Francis, you think too much about yourself. Why don’t you dedicate yourself to thinking about other things, like God, for instance?” I do not know why, but Francis, the most handsome and bravest student at the Sorbonne, is convinced by Ignatius. They get together with other students and found a society which is the laughing stock of all the others, who even write on the door of the room where they meet: Society of Jesus. Instead of feeling offended, they adopt the name. And from that moment on, Francis begins a journey without return.

He goes to Rome with Ignatius and asks the Pope to recognize the “society”. The Pontiff agrees to meet the students, and in order to stimulate them he gives his consent. Francis – who was deadly afraid of ships and the sea – sets off alone to the Orient, imbued with what he considers to be his mission. In the next ten years he visits Africa, India, Sumatra, the Moluccas and Japan. He learns new languages, visits hospitals, prisons, cities and villages. He writes many letters, but none – absolutely none – makes any reference to “tourist” spots in these places. He comments only on the need to bring a word of encouragement and hope to those who are less privileged.

He dies far from the village where I now sit having my coffee, and he is buried in Goa. At a time when the world was immense, distances were almost insurmountable and people lived at war, Francis thought that he should consider the world as a global village. He overcame his fear of the sea and ships and solitude, because he was aware that his life had a meaning. While traveling through the Orient, he does not know that his steps will never be forgotten and that all he has planted will bear fruit; he is doing all this because this is his personal legend, the way he has chosen to lead his life.

Five hundred years later, in the city of Ahmedabad in India, a teacher asks his pupils for a biography of Francis. One of the boys writes: “he was a great architect, because all over the Orient there are schools he built and that bear his name.”

Antonio Falces, who directs one of these colleges, tells me he heard two people chatting:

“Francis was Portuguese,” said one.

“Of course he wasn’t. He was born and buried here in Goa,” answered the other.

They are both wrong, and they are both right: Francis came from a small village in Navarra, but he was a man of the world, and everyone considered him a part of their own people. Nor was he an architect specialized in building schools, but, as one of his first biographers says, “he was like the sun, which cannot move forward without spreading light and heat wherever it passes.”

I think of Francis: leaving here, traveling the world, making the name of this little village known in so many places that many people believe it is his surname. Facing his fears, giving up everything on behalf of his dreams – may this inspire and serve as an example to me, who studied in one of the colleges of the so-called “society of Jesus”, or S.J., or Jesuit schools, as they are known.

Here I am in the village of Javier. Both Francisco and Ignatius, who hailed from another small village called Loyola, were canonized on the same day – 12 March 1622. on that morning a banner was hung on one of the walls of the Vatican:

“Saint Francis Javier worked many miracles. But the miracle of Saint Ignatius was even greater: Francis Javier.”

You can continue to talk to Paulo Coelho through the blog Warrior of Light

Le sens du chemin

Author: Paulo Coelho

Cher Lecteur et Chère Lectrice :

Depuis le 20 Mars, je fais ce voyage qui fut la faí§on que j’ai choisie pour célébrer les vingt ans de mon pèlerinage í  Saint-Jacques-de-Compostelle. Il m’a mené dans trois continents différents (Europe, Afrique, Extríªme-Orient), et m’a permis d’établir un contact immédiat avec des milliers de lecteurs, car il m’est impossible d’envisager de commémorer quoi que ce soit sans leur présence.

í€ Puente de la Reina, j’ai fait mon premier après-midi de dédicaces sans les « organisations officielles », et depuis, j’ai réussi í  arranger quelques rencontres officielles avec d’autres absolument spontanées. Tous ces après-midi de dédicaces furent suivis de fíªtes oí¹ nous commémorions ensemble le sens que le chemin recèle : les rencontres. Commémorer, célébrer, discuter, danser, respecter le mystère de la vie mais au míªme temps comprendre que nous ne sommes pas seuls dans ce mystère, et que nous avons besoin de partager notre enchantement avec d’autres personnes qui comprennent notre faí§on de penser.

J’ai créé, le 19 Avril, ce blog avec Paula Braconnot, pour que toutes ces expériences puissent aussi aller au-delí  de l’espace physique et se retrouver ainsi plongées dans l’espace virtuel. Je veux saisir cette opportunité et remercier Paula pour son sérieux, son amour et son dévouement, qui nous ont permis de surmonter toutes les difficultés techniques.

Ma prochaine étape, avant de retourner í  la maison, sera l’Allemagne, oí¹ je participerai í  la Coupe du Monde en tant qu’invité de la FIFA. Comme je ne pense pas avoir quoique ce soit de nouveau í  dire sur le football, je mets fin í  ces textes dès aujourd’hui. Les commentaires sont bienvenus : ils nous permettent d’améliorer le principe de ce blog et de favoriser les discussions entre les gens qui le lisent.

Le 22 Juin, si Dieu le veut bien, je retournerai au vieux moulin dans les Pyrénées, mon point de départ, puis j’irai au Brésil.

Toutes les deux semaines j’envoie une newsletter aux lecteurs intéressés. Si vous désirez la recevoir, vous pouvez vous inscrire í  Guerrier de Lumiere, disponible en plusieurs langues.

Lors d’une des premières étapes de ce pèlerinage, je suis passé par un village en Espagne, d’oí¹ j’ai écrit le texte qui suit. Je pense qu’il n’importe pas d’oí¹ nous venons, car nous pouvons toujours aller beaucoup plus loin que ce que nous imaginons. Tel est l’exemple que Franí§ois nous a légué et que nous devons suivre.

Je dédie ce chemin í  mes lecteurs. Je vous remercie de votre soutien et me rappellerai les nuits que j’ai passé í  lire vos messages – ils m’ont poussé í  aller de l’avant. Le sens du chemin est dans les personnes, et nous regardons toujours mieux le monde quand nous permettons au mystère des rencontres de se manifester. Comme le dit la dernière phrase du Pèlerin de Compostelle : « les personnes apparaissent toujours quand elles sont attendues. »

Paulo Coelho

Vingt Ans Après : Franí§ois

Je bois mon café sur la terrasse d’un hí´tel, d’oí¹ je peux voir un chí¢teau, un gigantesque chí¢teau dans ce petit village qui ne compte que quelques maisons, dans la province de Navarre, en Espagne. Il fait déjí  nuit, il n’y a pas de lune, je suis en train de refaire mon pèlerinage í  Saint-Jacques-de-Compostelle, pour célébrer les vingt années qui se sont écoulées depuis que j’ai emprunté ce chemin pour la première fois.

Pourtant, le village dans lequel je me trouve ne fait pas partie du parcours qui passe í  19 kilomètres d’ici. Mais j’avais l’intention de le visiter, et j’y suis donc. Il y a 500 ans, un homme nommé Franí§ois est né ici. Il a dí» beaucoup jouer dans les champs qui entourent le chí¢teau. Il a dí» se baigner dans la rivière qui passe par ici. Fils de parents riches, il a laissé son village pour poursuivre ses études dans la fameuse université de la Sorbonne, í  Paris. J’en déduis que ce long voyage vers la capitale fut son premier.

Il était athlétique, beau, intelligent, convoité par tous les élèves – sauf un, venu de la míªme et lointaine province espagnole, nommé Ignace. Ignace lui disait : « Franí§ois, tu penses beaucoup í  ta personne. Pourquoi ne pas consacrer tes pensées í  d’autres choses, comme Dieu par exemple ? » Nous ne savons pas pourquoi, mais Franí§ois, le plus beau et vaillant des étudiants de la Sorbonne, se laissa convaincre par Ignace. Ils se joignèrent í  d’autres étudiants et fondèrent une société qui devint la risée de tous les autres, í  tel point que quelqu’un inscrivit sur la porte de la salle dans laquelle ils se réunissaient : Société de Jésus. Au lieu de se sentir offensés, ils adoptèrent le nom. Et c’est í  partir de lí  que Franí§ois entame un voyage sans retour.

Il part avec Ignace í  Rome et demande í  ce que le Pape reconnaisse la « société ». Le pontife accepte de rencontrer les étudiants, et, pour les stimuler, donne son accord. Franí§ois – qui a horreur des bateaux et de la mer – part seul pour l’Orient, imbu de ce qu’il considère comme íªtre sa mission. Dans les dix années suivantes, il visite l’Afrique, l’Inde, Sumatra, les Moluques, le Japon. Il apprend de nouvelles langues, visite des hí´pitaux, des prisons, des villes et des villages. Il écrit de nombreuses lettres, mais aucune – absolument aucune – ne fait référence aux points « touristiques » de ces endroits. Il parle seulement de la nécessité de mener la parole du courage et de l’espoir aux défavorisés.

Il meurt loin du village oí¹ je me trouve maintenant í  boire mon café, et il est enterré í  Goa. í€ une époque oí¹ le monde était immense, oí¹ les distances étaient quasi insurmontables, oí¹ les peuples vivaient en guerre, Franí§ois pense qu’il doit considérer tout cela comme un village global. Il surmonte ses peurs parce qu’il est conscient que sa venue a un sens. Il ne sait pas, lors de son cheminement en Orient, que ses pas ne seront jamais oubliés, et que tout ce qu’il a planté fructifiera ; il fait í§a car c’est sa légende personnelle, la faí§on qu’il a choisi de vivre sa vie.

Cinq cents ans après, dans la ville d’Ahmedabad, en Inde, un professeur demande í  ses élèves de raconter sa vie. Un des enfants écrit : « il fut un grand architecte car dans tout l’Orient il existe des écoles qu’il érigea et qui portent son nom. »

Antonio Falces, qui dirige une de ces écoles, raconte qu’il vit deux personnes discuter :

– Franí§ois était Portugais – dit la première .

– Bien sí»r que non. Il est né et enterré ici í  Goa, répond l’autre.

Les deux se trompent et les deux ont raison : Franí§ois vint d’un petit village de Navarre mais il était un homme du Monde, et tous le considèrent comme faisant partie de leur propre culture. Il n’était pas non plus un architecte spécialisé dans la construction d’écoles ; mais, comme l’écrit un de ses premiers biographes, « il était comme le soleil, qui ne peut aller de l’avant sans dispenser lumière et chaleur lí  oí¹ il passe. »

Je pense í  Franí§ois : partir d’ici, parcourir le monde, faire que le nom de ce petit village soit mené í  tant d’endroits, au point que beaucoup de gens pensent qu’il s’agit de son nom de famille. Faire face í  ses peurs, renoncer í  tout au nom de ses ríªves – que cela inspire et serve d’exemple. J’ai étudié dans une de ces écoles qui appartiennent í  la « société de Jésus », ou S.J, ou écoles jésuites, telles qu’elles sont connues.

Je suis dans le village de Xavier. Franí§ois ainsi qu’Ignace, qui vient d’un autre village, nommé Loyola, furent canonisés le míªme jour, le 12 Mars 1622. Ce matin-lí , une bannière fut accrochée aux murs du Vatican :

« Saint Franí§ois Xavier fit plusieurs miracles. Mais le miracle d’Ignace fut encore plus grand : Franí§ois Xavier. »

Si vous désirez continuer í  parler í  Paulo Coelho, allez sur le blog Guerrier de la Lumière

It’s five o’clock in the afternoon and I am watching the water flowing past. I follow the little stream until it runs into one of the prettiest places on earth: Lake Baikal in Siberia. “A river never passes the same place twice,” says the philosopher. “Life is like a river,” says another philosopher, which leads us to the conclusion that this is the closest metaphor to the meaning of life.

But today I have just discovered something different: there is a river inside the river, one that shows the path to follow, the soul of the waters beside me in this small village where we can still see a well where the inhabitants come to fetch water. How long has it been since I last saw a real well, one that gives a whole village water to drink?

I contemplate the river again, try to be like it, and see the lessons that it is teaching me now:

A] We are always experiencing the first time. While we pass from our source (birth) to our destination (death), the landscapes will always be new to us. We must face all these novelties with joy rather than fear – because it is useless to fear what cannot be avoided. A river never stops flowing.

B] In a valley we walk more slowly. When everything around us becomes easier, the waters are calm; we grow broader, more expansive, more generous.

C] Our banks are always fertile. Vegetation only grows where there is water. Whoever comes into contact with us needs to understand that we are here to give those who are thirsty something to drink.

D] Stones have to be avoided. Of course, water is stronger than granite, but that requires a lot of time. It is no use letting yourself be dominated by stronger obstacles, or trying to fight them – that is just a waste of energy. The best thing is to understand where the exit lies, and move in that direction.

E] Depressions call for patience. All of a sudden the river runs into a kind of hole and stops flowing as joyfully as before. At such moments the only way out is to rely on the help of time. When the right moment arrives, the depression fills up and the water can move ahead. Instead of an ugly, lifeless hole, now there is a lake that others can look on with happiness.

F] We are unique. We are born in a place that was meant for us and that will always keep us supplied with enough water so that when faced with depressions we may have the necessary patience or strength to move forward. We start our course in a gentle, fragile way, when even a simple leaf can stop our progress. However, as we respect the mystery of the source that generated us and trust in its eternal wisdom, little by little we gain all that is needed to follow our path.

G] Although we are unique, soon we shall be many. As we travel on, the waters from other sources join us, because that is the best path to follow. So we are no longer just one, but many – and there comes a moment when we feel lost. Nevertheless, as the Bible says, “all the rivers flow to the sea”. It is impossible to remain in our solitude, however romantic that may seem. When we accept the inevitable encounter with other sources, we end up understanding that this makes us far stronger and we get round obstacles or fill in depressions much more easily and in far less time.

H] We are a means of transportation. Of leaves, boats, ideas. May our waters be ever generous, may we always carry forward all the things or persons that need our help.

I] We are a source of inspiration. And so, let us leave the final words to the Brazilian poet Manuel Bandeira:

“Be like a river that flows
Silent in the middle of the night
Not fearing the dark of the night,
Reflecting any star that is in the sky.
And if the sky fills with clouds,
Clouds are water, like the river, so
Reflect them too with no regret In the silent depth.”

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The next text (and last one for this pilgrimage) will be posted on the 10th of June.

P.S: Dear reader,

During this journey, that is filling my soul with very interesting experiences, one of the most magical moments comes every night when I read the comments posted on this blog. Even though I can’t answer all of you, I want you to know that it’s very important to me to know that I’m not alone on this path. Thank you so much for your support and for the words and ideas that are now engraved on my heart.

Paulo Coelho

Veo el agua corriendo, ya son las cinco de la tarde. Acompaño al pequeño riachuelo hasta donde se encuentra con uno de los lugares más hermosos de la tierra: el lago Baikal en Siberia. ‘Un rí­o nunca pasa dos veces por un mismo lugar” dice un filósofo. “La vida es como un rí­o”, dice otro filósofo, y llegamos a la conclusión de que esta es la metáfora más próxima del significado de la vida.

Pero hoy acabo de descubrir algo diferente: existe un rí­o dentro del rí­o; es el que nos muestra el camino a seguir, es el alma de las aguas que está a mi lado en esta pequeña aldea, donde todaví­a podemos encontrar un pozo y a los habitantes llegando hasta el lugar para cargar el agua. Hace cuánto tiempo que no veo un pozo de verdad que da de beber a todo un poblado?

Contemplo de nuevo el rí­o, trato de ser como él y veo las lecciones que me está enseñando:

A] Siempre estamos delante de la primera vez. Mientras nos movemos entre nuestro naciente ( el nacimiento) hacia nuestro destino (muerte), los paisajes serán siempre nuevos. Debemos enfrentar todas estas novedades con alegrí­a y no con miedo – ya que es inútil temer lo que no se puede evitar. Un rí­o no deja de correr jamás.

B] En un valle, andamos más lentamente. Cuando todo a nuestro alrededor es más fácil, las aguas se vuelven más tranquilas, somos más amplios, más generosos.

C] Nuestros márgenes siempre son fértiles. La vegetación sólo nace donde existe el agua. Quien entra en contacto con nosotros, necesita entender que estamos allí­ para dar de beber a quien tiene sed.

D] Las piedras necesitan ser contorneadas. Es evidente que el agua es más fuerte que el granito, pero para eso es necesario tiempo. No adelanta dejarse dominar por obstáculos más fuertes, o tratar de chocar contra ellos; gastaremos nuestra energí­a para nada, es mejor tratar de entender dónde se encuentra la salida y seguir adelante..

E] Las depresiones necesitan paciencia. De repente el rí­o entra en una especie de agujero y deja de correr con la alegrí­a de antes. En estos momentos la única manera de salir es contando con la ayuda del tiempo. Cuando llegue el momento cierto, la depresión se llenará de agua y él podrá seguir adelante. En el lugar donde habí­a un agujero negro y sin vida, ahora existe un lago, que otros pueden contemplar con alegrí­a.

F] Somos únicos. Nacemos en un lugar que estaba destinado para nosotros, que nos mantendrá siempre alimentados de agua, lo suficiente para que, delante de obstáculos o depresiones, podamos tener la paciencia o la fuerza necesaria para seguir adelante. Empezamos nuestro curso de manera suave, frágil, donde hasta una simple hoja nos detiene. Mientras tanto, como respetamos el misterio de la fuente que nos engendró y confiamos en su Eterna sabidurí­a, poco a poco vamos ganando todo lo que nos es necesario para recorrer nuestro camino.

G] Aunque seamos únicos, en breve seremos muchos. A medida que caminamos, las aguas de otras nacientes se aproximan, porque aquél es el mejor camino para seguir. Entonces ya no somos apenas uno, sino muchos y hay un momento en que nos sentimos perdidos. Entretanto, como dice la Biblia, “todos los rí­os corren hacia el mar”. Es imposible permanecer en nuestra soledad, por más romántica que ella nos parezca. Cuando aceptamos el inevitable encuentro con otras nacientes, acabamos entendiendo que eso nos hace mucho más fuertes, rodeamos los obstáculos y llenamos las depresiones en mucho menos tiempo y con mayor facilidad.

H] Somos un medio de transporte. De hojas, de barcos de ideas. Que nuestras aguas sean siempre generosas, que podamos llevar siempre adelante todas las cosas o personas que necesiten de nuestra ayuda.

I] Somos una fuente de inspiración. Por lo tanto dejemos a un poeta brasileño, Manuel Bandeira, las palabras finales:

“Ser como un rí­o que fluye
Silencioso en medio de la noche
Sin miedo a la oscuridad.
Si hay estrellas en el cielo, reflejarlas.
Y si el cielo se llena de nubes
Como el rí­o las nubes son aguas
Reflejarlas también sin tristeza
En las profundidades tranquilas.”

*****

© Traducción: Marí­a Angélica La Valle de Uranga

Próximo & último texto de esta peregrinación: 10.06.06.

P.S: Caro lector,

En este camino que me está llenando el espí­ritu con experiencias interesantí­simas, uno de los momentos más mágicos es cuando, durante la noche, puedo leer sus cometarios en el blog. Mismo que no pueda responder a todos, quiero que sepan que es muy importante para mi saber que no estoy solo en este camino. Muchas gracias por su soporte y por las palabras e ideas que seguirán grabadas en mí­ corazón.

Paulo Coelho

Vejo a água correndo, já sí£o cinco horas da tarde. Acompanho o pequeno riacho, até ele encontrar-se com um dos lugares mais bonitos da terra: o lago Baikal, na Sibéria. “Um rio nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar” diz um filósofo. “A vida é como um rio”, diz outro filósofo, e chegamos a conclusí£o que esta é a metáfora mais próxima do significado da vida.

Mas hoje acabo de descobrir algo diferente: existe um rio dentro do rio; é ele que mostra o caminho a seguir, é a alma das águas que estí£o ao meu lado, nesta pequena aldeia onde ainda podemos ver um poí§o, e os habitantes que chegam até o lugar para pegar água. Há quanto tempo ní£o vejo um poí§o de verdade, que dá de beber a todo um vilarejo?

Contemplo de novo o rio, procuro ser como ele, e vejo as lií§íµes que está me ensinando agora:

A] Sempre estamos diante da primeira vez. Enquanto nos movimentamos entre a nossa nascente (o nascimento) ao nosso destino (morte), as paisagens serí£o sempre novas. Devemos encarar todas estas novidades com alegria, e ní£o com medo – porque é inútil temer o que ní£o se pode evitar. Um rio ní£o deixa de correr jamais.

B] Em um vale, andamos mais devagar. Quando tudo í  nossa volta fica mais fácil, as águas se acalmam, nos tornamos mais amplos, mais largos, mais generosos.

C] Nossas margens sempre sí£o férteis. A vegetaí§í£o só nasce onde existe água. Quem entra em contato conosco, precisa entender que estamos ali para dar de beber a quem tem sede.

D] As pedras precisam ser contornadas. Evidente que a água é mais forte que o granito, mas para isso é preciso tempo. Ní£o adianta deixar-se dominar por obstáculos mais fortes, ou tentar bater-se contra eles; gastaremos energia a toa. O melhor é entender por onde se encontra a saí­da, e seguir adiante.

E] As depressíµes necessitam paciíªncia. De repente o rio entra em uma espécie de buraco, e pára de correr com a alegria de antes. Nestes momentos, a única maneira de sair é contar com a ajuda do tempo. Quando chegar o momento certo, a depressí£o se enche, e a água pode seguir adiante. No lugar do buraco feio e sem vida, agora existe um lago que outros podem contemplar com alegria.

F] Somos únicos. Nascemos em um lugar que estava destinado para nós, que nos manterá sempre alimentados de água o suficiente para que, diante de obstáculos ou depressíµes, possamos ter a paciíªncia ou a forí§a necessárias para seguir adiante. Comeí§amos nosso curso de maneira suave, frágil, onde até mesmo uma simples folha pode parar nosso curso. Entretanto, como respeitamos o mistério da fonte que nos gerou, e confiamos em sua Eterna sabedoria, aos poucos vamos ganhando tudo que nos é necessário para percorrer nosso caminho.

G] Embora sejamos únicos, em breve seremos muitos. A medida que caminhamos, as águas de outras nascentes se aproximam, porque aquele é o melhor caminho a seguir. Entí£o já ní£o somos apenas um, mas muitos – e há um momento em que nos sentimos perdidos. Entretanto, como diz a Bí­blia, “todos os rios correm para o mar”. É impossí­vel permanecer em nossa solidí£o, por mais romí¢ntica que ela possa parecer. Quando aceitamos o inevitável encontro com outras nascentes, terminamos por entender que isso nos faz muito mais fortes, contornamos os obstáculos ou preenchemos as depressíµes em muito menos tempo, e com muito mais facilidade.

H] Somos um meio de transporte. De folhas, de barcos, de idéias. Que nossas águas sejam sempre generosas, que possamos sempre levar adiante todas as coisas ou pessoas que precisarem de nossa ajuda.

I] Somos uma fonte de inspiraí§í£o. E portanto, deixemos para um poeta brasileiro, Manuel Bandeira, as palavras finais:

“Ser como um rio que flui
Silencioso no meio da noite
Ní£o temer as trevas da noite
Se há estrelas no céu, refleti-las.
E se o céu se enche de nuvens
Como o rio, as nuvens sí£o água;
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.”

*****

Próximo e último texto desta peregrinaí§í£o: 10.06.06

P.S: Estimado leitor,

Durante esta caminhada, que está enchendo minha alma de experiíªncias interessantí­ssimas, um dos momentos mais mágicos é quando chega a noite e posso ler os comentários no blog. Embora ní£o tenha como responder a todos, saibam que é muití­ssimo importante para mim entender que ní£o estou só neste caminho. Muito obrigado pelo apoio e pelas palavras e idéias que estí£o sendo gravadas em meu coraí§í£o.

Paulo Coelho

Je vois l’eau qui coule, il est déjí  cinq heures de l’après-midi. J’accompagne un petit ruisseau, jusqu’í  ce qu’il rejoigne l’un des plus beaux endroits de la terre : le lac Baí¯kal, en Sibérie. « Une rivière ne passe jamais deux fois par le míªme endroit » dit un philosophe. « La vie est comme une rivière » dit un autre philosophe, et nous arrivons í  la conclusion que cette métaphore est la plus proche du sens de la vie.

Mais aujourd’hui je viens de découvrir quelque chose de différent : il existe une rivière í  l’intérieur de la rivière ; c’est elle qui nous montre quel chemin prendre, c’est l’í¢me des eaux qui sont autour de moi, dans ce petit village oí¹ nous pouvons encore voir un puits, et les habitants qui s’y rendent pour prendre de l’eau. Depuis quand ne vois-je plus un vrai puits, qui donne í  boire í  tout un village ?

Je contemple la rivière, j’essaie d’íªtre comme elle, je vois les leí§ons qu’elle m’enseigne en ce moment :

A] Nous sommes toujours face í  la première fois. Alors que nous nous déplaí§ons entre notre source (la naissance) et notre destin (la mort), les paysages seront toujours nouveaux. Nous devons faire face í  ces nouveautés avec joie, et non pas avec peur – parce qu’il est inutile d’avoir peur de ce qu’on ne connaí®t pas. Une rivière n’arríªte jamais sa course.

B] Dans une vallée, nous pouvons marcher plus posément. Quand tout autour de nous devient plus facile, les eaux se calment, nous devenons plus amples, plus larges, plus généreux.

C] Nos rives sont toujours fertiles. La végétation naí®t seulement oí¹ l’eau existe. Qui rentre en contact avec nous, doit comprendre que nous sommes lí  pour donner í  boire í  celui qui a soif.

D] Les pierres doivent íªtres contournées. Bien évidemment que l’eau est plus forte que le granit, mais pour cela le temps est nécessaire. Il ne sert í  rien de se laisser dominer par les obstacles plus forts, ou essayer de se battre contre eux ; on dépensera de l’énergie pour rien. Le mieux c’est de comprendre oí¹ se trouve la sortie, et aller de l’avant.

E] Les dépressions ont besoin de patience. Soudainement la rivière rentre dans une sorte de trou, et cesse de courir avec la joie d’autrefois. í€ ces moments, la seule faí§on de s’en sortir c’est de compter avec l’aide du temps. Quand le bon moment arrivera, la dépression se remplira et l’eau pourra continuer í  aller de l’avant. Au lieu du trou laid et sans vie, il existe maintenant un lac que les gens pourront contempler avec joie.

F] Nous sommes uniques. Nous naissons dans un endroit qui était dans notre destin, qui nous maintiendra toujours alimentés avec suffisamment d’eau pour que, face aux obstacles et aux dépressions, nous puissions avoir la patience ou la force de continuer. Nous commení§ons notre course de faí§on douce, fragile, oí¹ míªme une simple feuille peut nous arríªter. Entre-temps, comme nous respectons le mystère de la source qui nous a engendrés, et que nous nous fions toujours í  son éternelle sagesse, petit í  petit nous gagnons tout ce qui nous est nécessaire pour parcourir notre chemin.

G] Alors que nous sommes uniques, rapidement nous serons plusieurs. Au fur et í  mesure que nous marchons, les eaux des autres sources s’approchent, parce que celui-lí  est le meilleur chemin í  suivre. Ainsi nous ne sommes plus seulement un, mais plusieurs – et il y a un moment oí¹ nous nous sentons perdus. Pourtant, comme le dit la Bible, « toutes les rivières coulent vers la mer ». Il est impossible de rester dans cette solitude, pour romantique que cela puisse nous paraí®tre. Quand nous acceptons l’inévitable rencontre avec les autres sources, nous finissons par comprendre que cela nous rend plus forts, nous contournons les obstacles ou remplissons les dépressions en beaucoup moins de temps, et avec beaucoup plus d’aisance.

H] Nous sommes un moyen de transport. De feuilles, de bateaux, d’idées. Que nos eaux soient toujours généreuses, que nous puissions toujours mener vers l’avant toutes les choses ou personnes qui ont besoin de notre aide.

I] Nous sommes une source d’inspiration. Et ainsi, laissons au poète brésilien, Manuel Bandeira les derniers mots :

“íŠtre comme une rivière qui coule
Silencieuse dans la nuit
N’avoir pas peur de la noirceur de la nuit
S’il y a des étoiles dans le ciel, les réfléchir.
Et si le ciel se remplit de nuages
Comme la rivière, les nuages sont d’eau ;
Les réfléchir aussi sans regret
Dans les profondeurs tranquilles.”

*****

Le prochain et dernier texte de ce pèlerinage sera mis en ligne le 10 Juin 2006

P.S: Cher lecteur,

Pendant ce cheminement, qui remplit mon í¢me d’expériences très intéressantes, un des moments les plus magiques c’est lorsque, le soir venu, je lis les commentaires sur le blog. Míªme si je ne peux pas vous répondre í  tous, je veux que vous sachiez qu’il est très important pour moi de savoir que je ne suis pas seul sur ce chemin. Merci beaucoup de votre soutien et pour les mots et les idées qui maintenant sont inscrites dans mon coeur.

Paulo Coelho

Vinte anos depois: No Lago Baikal

Author: Paulo Coelho

A frase é de Pablo Picasso: “Deus é, sobretudo, um artista. Ele inventou a girafa, o elefante, a formiga. Na verdade, Ele nunca procurou seguir um estilo – simplesmente foi fazendo tudo aquilo que tinha vontade de fazer”.

Nossa vontade de andar que cria nosso caminho – entretanto, quando comeí§amos a jornada em direí§í£o ao sonho, sentimos muito medo, como se fí´ssemos obrigados a fazer tudo certinho.

Afinal, se vivemos vidas diferentes, quem foi que inventou o padrí£o do “tudo certinho?”

Se Deus fez a girafa, o elefante e a formiga, e nós procuramos viver í  Sua imagem e semelhaní§a, por que temos que seguir um modelo? O modelo í s vezes nos serve para evitar repetir erros estúpidos que outros já cometeram, mas normalmente é uma prisí£o que nos obriga a repetir sempre aquilo que todos fazem.

Ser coerente é precisar usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a manter, amanhí£, as mesmas opiniíµes que vocíª tinha hoje. E o movimento do mundo – onde fica?

Desde que ní£o prejudique ninguém, mude de opinií£o de vez em quando, e caia em contradií§í£o sem se envergonhar disso. Vocíª tem este direito; ní£o importa o que os outros ví£o pensar – porque eles ví£o pensar de qualquer maneira.

Quando decidimos agir, alguns excessos acontecem. Diz um velho ditado culinário: “para fazer uma omelete é preciso, primeiro, quebrar o ovo”. Também é natural que surjam conflitos inesperados.

É natural que surjam feridas no decorrer destes conflitos. As feridas passam: permanecem apenas as cicatrizes.

Isto é uma bíªní§í£o. Estas cicatrizes ficam conosco o resto da vida, e ví£o nos ajudar muito. Se em algum momento – por comodismo ou qualquer outra razí£o – a vontade de voltar ao passado for grande, basta olhar para elas.

As cicatrizes ví£o nos mostrar a marca das algemas, ví£o nos lembrar os horrores da prisí£o – e continuaremos caminhando para frente.

Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar a sua volta, e descubra a alegria de ser uma surpresa para vocíª mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz Sí£o Paulo.

Um Guerreiro da Luz nota que certos momentos se repetem; com freqüíªncia ele se víª diante dos mesmos problemas, e enfrenta situaí§íµes que já havia enfrentado anteriormente.

Entí£o fica deprimido. Comeí§a a achar que é incapaz de progredir na vida, já que as mesmas coisas que viveu do passado estí£o acontecendo de novo.

“Já passei por isso”, ele reclama com seu coraí§í£o. “Realmente, vocíª já passou”, responde o coraí§í£o. “Mas nunca ultrapassou”.

O Guerreiro entí£o passa a ter consciíªncia que as experiíªncias repetidas tem uma finalidade; ensinar-lhe o que ainda ní£o aprendeu. Ele dá sempre uma soluí§í£o diferente para cada luta repetida – e ní£o considera suas falhas como erros, mas como passos em direí§í£o ao encontro consigo mesmo.

Frases sobre erros

Se me enganas uma vez, a culpa é tua. Se me enganas duas vezes, a culpa é minha (Anaxágoras)

Se pudesse viver de novo a minha vida, cometeria os mesmos erros – só que muito mais cedo (Tallulah Bankhead)

O caminho para o sucesso é dobrar a taxa de erros (Thomas Watson)

Enquanto ní£o tiveres conhecido o Inferno, o Paraí­so ní£o será bastante bom para ti (provérbio curdo)

Errar é humano, mas faz vocíª sentir-se divino! (Mae West)

Fazer o que está certo ní£o é o problema; o problema é saber o que está certo (Lyndon Johnson)

Nem tudo que dá certo é certo (David Capistrano)

Prefiro um erro que me divirta, a um acerto que me entristeí§a (William Shakespeare)

Próximo texto: 07.06.06

P.S: Estimado leitor,

Durante esta caminhada, que está enchendo minha alma de experiíªncias interessantí­ssimas, um dos momentos mais mágicos é quando chega a noite e posso ler os comentários no blog. Embora ní£o tenha como responder a todos, saibam que é muití­ssimo importante para mim entender que ní£o estou só neste caminho. Muito obrigado pelo apoio e pelas palavras e idéias que estí£o sendo gravadas em meu coraí§í£o.

Paulo Coelho

La frase es de Pablo Picasso: “Dios es, sobre todo, un artista. Él inventó la jirafa, el elefante, la hormiga. La verdad, Él nunca buscó seguir un estilo – simplemente fue haciendo todo lo que deseaba hacer”.

Nuestra voluntad de andar es la que crea nuestro camino – mientras tanto, cuando empezamos la jornada hacia nuestro sueño, sentimos miedo, como si estuviésemos obligados a hacerlo todo bien.

Al final, si vivimos vidas diferentes, ¿quién fue que inventó los patrones?

Si Dios hizo la jirafa, el elefante y la hormiga y nosotros tratamos de vivir a Su imagen y semejanza, ¿por qué tenemos que seguir un modelo? El modelo algunas veces nos sirve para evitar que repitamos errores estúpidos que ya otros cometieron, pero normalmente es una prisión que nos obliga a hacer siempre lo que todos hacen.

Ser coherente es usar siempre una corbata que combine con las medias y obligarnos a mantener, mañana, las mismas opiniones que tenemos hoy. Y el movimiento del mundo – ¿dónde está?

Siempre que no perjudiques a nadie, cambia de opinión de vez en cuando y cae en contradicciones sin avergonzarte . Tú tienes ese derecho; no importa lo que los otros van a pensar – porque ellos van a pensar de cualquier manera.

Cuando nos decidimos a actuar, ocurren algunos excesos. Tenemos un viejo dicho culinario: “Para hacer una tortilla primero necesitamos romper un huevo”. También es normal que surjan conflictos inesperados.

Aparecerán heridas en el decorrer de estos conflictos. Las heridas pasan: quedan apenas las cicatrices.

Esto es una bendición. Las cicatrices nos acompañarán el resto de nuestras vidas y nos van a ayudar mucho. Si en algún momento – por comodidad o por alguna otra razón – tuviésemos una gran voluntad de volver al pasado, bastará mirar hacia ellas.

Las cicatrices nos mostrarán las marcas de las esposas, nos recordarán los horrores de la prisión y continuaremos caminando hacia adelante.

Por eso, relájate. Deja que el Universo se mueva a tu alrededor y descubre la alegrí­a de ser una sorpresa para ti mismo. ” Dios escogió las cosas locas del mundo para avergonzar a los sabios”, dijo San Paulo.

Un Guerrero de la Luz percibe que ciertos momentos se repiten; con frecuencia él se ve delante de los mismos problemas, y se enfrenta a situaciones que ya habí­a vivido anteriormente.

Entonces se deprime. Comienza a creer que es incapaz de progresar en la vida, ya que lo vivido en el pasado, está ocurriendo nuevamente.

“Ya pasé por esto”, él reclama con su corazón.

“Realmente, tu ya pasaste”, responde el corazón. “Pero nunca ultrapasaste” .

El Guerrero entonces pasa a tener conciencia de que las experiencias repetidas tienen una finalidad: enseñarle lo que todaví­a no aprendió. Él siempre encuentra una solución diferente para cada lucha repetida – y no considera sus faltas como errores, sino como pasos en dirección al encuentro consigo mismo.

Frases sobre errores

Si me engañas una vez, la culpa es tuya. Si me engañas dos veces, la culpa es mí­a. (Anaxágoras)

Si pudiese vivir de nuevo mi vida, cometerí­a los mismos errores – sólo que mucho más temprano. (Tallulah Bankhead)

El camino para el éxito es doblar la tasa de errores. (Thomas Watson)

Mientras no hayas conocido el Infierno, el Paraí­so no será suficiente bueno para ti. (proverbio curdo)

Errar es humano, pero te hace sentir divino! (Mae West)

Hacer lo que es correcto no es el problema; el problema es saber qué es lo correcto. (Lyndon Johnson)

Ni todo lo que resulta cierto es cierto. (David Capistrano)

Prefiero un error que me divierta a un acierto que me entristezca. (William Shakespeare)

© Traducción: Marí­a Angélica La Valle de Uranga

Próximo texto: 07.06.06.

P.S: Caro lector,

En este camino que me está llenando el espí­ritu con experiencias interesantí­simas, uno de los momentos más mágicos es cuando, durante la noche, puedo leer sus cometarios en el blog. Mismo que no pueda responder a todos, quiero que sepan que es muy importante para mi saber que no estoy solo en este camino. Muchas gracias por su soporte y por las palabras e ideas que seguirán grabadas en mí­ corazón.

Paulo Coelho

Twenty years later: At Lake Baikal

Author: Paulo Coelho

The sentence belongs to Pablo Picasso: “God is above all an artist. He invented the giraffe, the elephant, and the ant. In fact, He never tried to follow a style – He simply went on doing what He felt like doing”.

Our wanting to walk is what creates our path – yet, when we start our journey towards our dreams, we feel very afraid, as if we were obliged to do everything right.

After all, if we all live different lives, who was it who invented the “everything right” standard?”

If God made the giraffe, the elephant and the ant, and if we try to live in His image and likeness, why should we need to follow a model? Sometimes the model helps us to avoid repeating stupid mistakes that others have already committed, but normally it is a prison that obliges us always to repeat what everybody does.

To be coherent is to need always to wear a necktie that matches our socks. It is to be obliged to keep the same opinions tomorrow that you have today. So what about the way the world moves?

As long as nobody is hurt, change your opinion every now and again, and contradict yourself without feeling ashamed. This is your right; it does not matter what the others think – because they are going to think it anyway.

When we decide to act, some excesses will happen. As the old cooking saying goes: “to make an omelet, first of all you have to break an egg”. So it is also natural that unexpected conflicts will arise.

It is only natural that there will be injuries during these conflicts. The wounds pass: only the scars remain.

This is a blessing. These scars stay with us for the rest of our lives, and they help us a lot. If at any moment – due to complacency or some other reason – the desire to go back to the past is great, just look at your scars.

Scars will show us the signs of handcuffs, they will remind us of the horrors of prison – and we will keep on moving forward.

So, relax. Let the Universe move all around you and discover the joy of being a surprise to yourself. “God chose the crazy things of the world to embarrass the wise”, says Saint Paul.

A Warrior of Light notices that certain moments are repeated; he often finds himself facing the same problems, and he confronts situations he has confronted before.

Then he becomes depressed. He begins to feel that he is incapable of making any progress in life, since the same things he has lived through in the past are happening all over again.

“I have been through this”, he complains to his heart.

“You really have”, answers his heart. “But you have never gone beyond it”.

The Warrior then begins to realize that repeated experiences have a reason, which is to teach us that we have not yet learned. He always finds a different solution for each repeated fight – and he does not see his faults as mistakes, but rather as steps towards meeting himself.

Phrases on mistakes

If you cheat me once, the blame is yours. If you cheat me twice, the blame is mine(Anaxagoras)

If I had to live my life again, I would make the same mistakes – only sooner (Tallulah Bankhead)

The path to success is getting round the mistakes (Thomas Watson)

Until you have known the Inferno, Paradise will not be good enough for you (Kurdish proverb)

To err is human, but it makes you feel divine! (Mae West)

Doing the right thing is not the problem; the problem is knowing what is right (Lyndon Johnson)

Not everything that works out right is right (David Capistrano)

I prefer making a mistake that amuses me to doing something right that makes me sad (William Shakespeare)

The next text will be posted on the 7th of June.

P.S: Dear reader,

During this journey, that is filling my soul with very interesting experiences, one of the most magical moments comes every night when I read the comments posted on this blog. Even though I can’t answer all of you, I want you to know that it’s very important to me to know that I’m not alone on this path. Thank you so much for your support and for the words and ideas that are now engraved on my heart.

Paulo Coelho

Cette citation est de Pablo Picasso : « Dieu est, surtout, un artiste. Il a inventé la girafe, l’éléphant, la fourmi. En fait, il n’a jamais essayé de suivre un style – simplement il a fait tout ce qu’il avait envie de faire ».

C’est notre volonté de marcher qui crée notre chemin – entre-temps, quand nous commení§ons notre trajectoire vers notre ríªve, nous avons peur, comme si nous étions obligés de tout bien faire.

Après tout, si nous vivons des vies différentes, qui fut celui qui inventa le standard « du bien fait » ?

Si Dieu fit la girafe, l’éléphant et la fourmi, et que nous nous efforí§ons í  vivre suivant Son image et Sa ressemblance, pourquoi avons-nous besoin de suivre un modèle ? Quelquefois le modèle nous aide í  éviter la répétition d’erreurs stupides que d’autres ont commises, mais d’habitude c’est une prison qui nous oblige í  toujours répéter ce que d’autres font.

íŠtre cohérent c’est le besoin de toujours utiliser une cravate qui s’accorde avec les chaussettes. C’est d’íªtre obligé de maintenir, demain, les míªmes opinions que vous avez aujourd’hui. Et le mouvement du monde – oí¹ passe-t-il?

Tant que vous ne faites de mal í  personne, changez d’opinion parfois, et contredisez-vous sans honte. Vous avez ce droit ; ce que les autres pensent n’a pas d’importance – parce qu’ils le penseront de toute faí§on.

Quand nous décidons d’agir, quelques excès se produisent. Comme dit un vieil adage culinaire : « il faut casser l’Å“uf pour faire une omelette ». Il est aussi naturel que des conflits inattendus surgissent.

Il est naturel que des blessures adviennent lors de ces conflits. Les blessures passent : restent les cicatrices.

Cela est une bénédiction. Ces cicatrices restent avec nous pour le restant de notre vie, et nous aident beaucoup. Si, í  un moment donné – que ce soit par commodité ou n’importe quelle autre raison – la volonté de retourner au passé nous presse, il suffit de les regarder.

Les cicatrices nous montreront les marques des menottes, nous rappellerons les horreurs de la prison – et nous continuerons í  marcher de l’avant.

C’est pour í§a qu’il faut se détendre. Laissez l’Univers se mouvoir autour de vous, et découvrez la joie de vous surprendre vous-míªme. « Dieu a choisi les folies du monde pour gíªner les sages », disait saint Paul.

Un guerrier de la Lumière remarque que quelques moments se répètent ; fréquemment il se retrouve face aux míªmes problèmes, et affronte des situations qu’il avait déjí  vécues.

« Je suis déjí  passé par í§a » dit-il í  son cÅ“ur. « Effectivement, vous avez déjí  vécu í§a », répond son cÅ“ur. « Mais vous ne l’avez jamais dépassé ».

Le Guerrier commence ainsi í  íªtre conscient que les expériences répétées ont une finalité ; lui enseigner ce qu’il n’a pas appris. Il donne toujours une solution différente í  chaque lutte répétée – et ne considère pas ces fautes comme des erreurs, mais comme des pas vers la rencontre avec soi.

Phrases sur les erreurs

Si vous me trompez une fois, c’est votre faute. Si vous me trompez deux fois, c’est ma faute. (Anaxagore)

Si je pouvais revivre ma vie, je commettrais les míªmes erreurs – seulement plus tí´t cette fois-ci. (Tallulah Bankhead)

Le chemin vers le succès c’est doubler le taux d’erreurs. (Thomas Watson)

Tant que vous n’aurez pas connu l’Enfer, le Paradis ne sera jamais aussi bon pour vous. (Proverbe Kurde)

Se tromper c’est humain, mais vous fait sentir divin ! (Mae West)

Faire ce qui est droit n’est pas le problème ; le problème c’est savoir ce qui est droit. (Lyndon Johnson)

N’est pas certain tout ce qui donne certitude. (David Capistrano)

Je préfère une erreur qui m’amuse, í  faire quelque chose de bien qui m’attriste. (William Shakespeare)

Le prochain texte sera mis en ligne le 7 Juin 2006

P.S: Cher lecteur,

Pendant ce cheminement, qui remplit mon í¢me d’expériences très intéressantes, un des moments les plus magiques c’est lorsque, le soir venu, je lis les commentaires sur le blog. Míªme si je ne peux pas vous répondre í  tous, je veux que vous sachiez qu’il est très important pour moi de savoir que je ne suis pas seul sur ce chemin. Merci beaucoup de votre soutien et pour les mots et les idées qui maintenant sont inscrites dans mon coeur.

Paulo Coelho

Il m’est toujours impossible d’écrire dans le train í  cause du mouvement. Je rencontre des lecteurs dans les gares (voyez les photos dans la galerie), je parle avec eux, j’apprends beaucoup de leur regard et des quelques paroles que nous pouvons échanger. Certains me racontent des histoires, d’autres me parlent de leurs villes et de leurs régions.

L’un d’eux me dit : « Savez-vous exactement oí¹ vous vous trouvez en ce moment ? Vous íªtes dans une gare, avec beaucoup de monde, et en ce moment il y a une grande chance pour que plusieurs personnes abritent en leurs cÅ“urs les míªmes espoirs et désespoirs que vous abritez dans le ví´tre.

« Suivons ce raisonnement : vous íªtes un point microscopique sur la superficie de cette boule. Cette boule qui tourne autour d’une autre, qui elle est située dans un petit coin d’une galaxie, avec des millions de boules similaires.

« Cette galaxie fait partie de quelque chose qu’on nomme l’Univers, rempli de gigantesques conglomérats stellaires. Personne ne sait exactement oí¹ commence et oí¹ finit ce qu’on nomme l’Univers.

« Tout de míªme, ne vous laissez pas vaincre par la fatigue de ce voyage : vous luttez, vous vous efforcez, vous essayez de vous améliorer, vous ríªvez, vous vous réjouissez et vous vous attristez í  cause de l’Amour. Si vous n’étiez pas vivant quelque chose manquerait. »

Je ne sais pas d’oí¹ ce lecteur a trouvé ces mots (il les lisait) mais j’avais besoin de les entendre í  ce moment précis.

*****

Deux arríªts plus loin, une lectrice me raconte l’histoire d’un charpentier et ses apprentis qui voyageaient í  travers la province de Qi (nous sommes en ce moment très près de la Chine) en quíªte de matériaux de construction. Ils virent un arbre gigantesque ; cinq hommes main dans la main ne réussissaient pas í  l’embrasser, et sa cime était si haute qu’elle touchait quasiment les nuages.

– Ne perdons pas notre temps avec cet arbre – dit le maí®tre charpentier. – Si on la coupe, cela nous prendra trop de temps. Si on décide de faire un bateau, celui-ci coulera car son tronc est trop lourd. Si on décide de l’utiliser pour faire la charpente d’un toit, les murs devront íªtre exagérément résistants.

Le groupe continua son chemin. Un des apprentis commenta :

– Cet arbre est si grand qu’il ne sert í  rien !

– Vous vous trompez – dit le maí®tre charpentier. – Il a suivi son destin í  sa manière. S’il était comme les autres, nous l’aurions déjí  coupé. Mais parce qu’il a eu le courage d’íªtre différent, il restera vivant et fort encore très longtemps.

*****

Les taoí¯stes racontent qu’au début des temps l’Esprit et la Matière ont guerroyé entre eux dans un combat mortel. Finalement ce fut l’Esprit qui triompha – la Matière étant condamnée í  vivre pour toujours í  l’intérieur de la Terre.

Pourtant, avant que cela se produise, sa tíªte se heurta au firmament et réduisit le ciel étoilé en miettes.

La déesse Niuka sortit des mers, resplendissante dans son armure de feu. En faisant bouillir les couleurs de l’arc-en-ciel dans un chaudron, elle fut capable de remettre les étoiles í  leur place, mais elle ne parvint pas í  retrouver deux petit morceaux et ainsi le firmament resta-t-il incomplet.

Ceci est l’origine de l’amour : deux í¢mes parcourant toujours la Terre, í  la quíªte de l’Autre Moitié. Quand elles se rencontrent, elles réussissent í  remettre les deux morceaux qui manquaient au ciel, et l’Univers entier commence í  faire sens pour le couple.

Tandis que le train Transsibérien traverse la longue steppe, je pense constamment í  cela.

*****

Míªme si cela paraí®t incroyable, beaucoup de gens ont peur du bonheur. Pour ces gens-lí , íªtre en accord avec la vie signifie changer une série d’habitudes – et perdre leur propre identité. Plusieurs fois nous nous jugeons indignes des bonnes choses qui nous arrivent. Nous n’acceptons pas les miracles – parce que les accepter nous donne la sensation que nous devons quelque chose í  Dieu. De míªme, nous avons peur de nous « habituer » í  notre bonheur.

Nous pensons : « il vaut mieux ne pas goí»ter la coupe de la joie, parce qu’une fois que celle-ci nous manquera, nous allons beaucoup souffrir ».

Par peur de diminuer, nous cessons de grandir. Par peur de pleurer, nous cessons de rire.

*****

Dans le train, je rencontre quelqu’un qui vient d’arriver du Maroc et me raconte une histoire curieuse í  propos de la faí§on comme certaines tribus du désert voient le péché originel.

íˆve se promenait dans le Jardin d’Eden, quand le serpent se rapprocha d’elle.

« Mange cette pomme » dit le serpent.

íˆve, très bien instruite par Dieu, refusa.

« Mange cette pomme », insista le serpent, « parce que vous avez besoin d’íªtre plus belle pour votre homme ».

« Je n’en ai pas besoin » répondit íˆve. « Parce qu’il n’a pas d’autre femme que moi ».

Le serpent rit : « Bien sí»r qu’il en a ».

Et comme Eve ne le croyait toujours pas, il l’emmena jusqu’en haut d’une colline, oí¹ il existait un puits.

« Elle est í  l’intérieur de cette caverne, Adam l’a cachée ici ».

íˆve se pencha et vit, réfléchie dans l’eau du puits, une très belle femme. Sur le champ elle goí»ta la pomme que le serpent lui offrait.

Suivant cette míªme tribu du Maroc, retourne au Paradis celui qui se reconnait dans le reflet du puits et n’a pas peur de soi.

Le prochain texte sera mis en ligne le 4 Juin 2006

P.S: Cher lecteur,

Pendant ce cheminement, qui remplit mon í¢me d’expériences très intéressantes, un des moments les plus magiques c’est lorsque, le soir venu, je lis les commentaires sur le blog. Míªme si je ne peux pas vous répondre í  tous, je veux que vous sachiez qu’il est très important pour moi de savoir que je ne suis pas seul sur ce chemin. Merci beaucoup de votre soutien et pour les mots et les idées qui maintenant sont inscrites dans mon coeur.

Paulo Coelho

Continua siendo imposible escribir en el tren por causa del movimiento. Encuentro lectores en las estaciones (vean las fotos en la galerí­a), converso con ellos, aprendo mucho mirando a sus ojos y de las pocas palabras que podemos intercambiar. Unos me cuentan historias, otros hablan de sus lugares y de sus regiones.

“Usted sabe exactamente dónde está ahora?” – uno de ellos me dice – usted está en una estación de trenes junto a mucha gente y en este momento existe una gran posibilidad de que varias personas abriguen en sus corazones las mismas esperanzas y desesperanzas que usted abriga.”

Y continúo: “Vamos adelante: usted es un puntito microscópico en la superficie de una bola. Esta bola gira alrededor de otra que a su vez está ubicada en un rinconcito de una galaxia, junto con millones de bolas semejantes.”

“Esta galaxia forma parte de algo llamado Universo, lleno de gigantescos aglomerados estelares. Nadie sabe exactamente dónde comienza y dónde termina lo que llaman Universo. Aun así­, no se deje vencer por el cansancio del viaje.”

“Usted lucha, se esfuerza y trata de mejorar, tiene sueños, se alegra o entristece por causa del Amor. Si no estuviese vivo, algo estarí­a faltando.”

No sé de donde sacó el lector estas palabras (él estaba leyendo un papel) pero yo necesitaba oí­rlas en aquel momento.

*****

Dos paradas más adelante, una lectora me cuenta una historia sobre un carpintero y sus ayudantes que viajaban por el territorio de Qi (estamos en este momento muy cerca de China), buscando material para realizar construcciones. Encontraron un árbol gigantesco; cinco hombres dándose las manos no conseguí­an abrazarlo y era tan alto que casi tocaba las nubes.

– No vamos a perder nuestro tiempo con este árbol – dijo el carpintero. Para cortarlo nos demoraremos mucho. Si quisiéramos hacer un barco, se hundirí­a de tan pesado que es su tronco. Si decidimos usarlo como estructura de un techo, las paredes tendrán que ser fuertemente resistentes.

El grupo siguió adelante y uno de los aprendices comentó:

– ¡Es un árbol tan grande que no sirve para nada!

– Estás equivocado, dijo el carpintero. Si fuese igual a los otros, nosotros ya lo hubiésemos cortado, pero como tuvo el coraje de ser diferente, permanecerá vivo y fuerte por mucho tiempo.

*****

Los taoí­stas cuentan que en el inicio de los tiempos, el Espí­ritu y la Materia empezaron una lucha entre ellos en un combate mortal. Finalmente, el Espí­ritu triunfó y la Materia fue condenada a vivir para siempre en el interior de la Tierra.

Antes de que eso sucediese, golpeó con su cabeza el firmamento y redujo en pedazos el cielo estrellado.

La diosa Niuka salió del mar, resplandeciente en su armadura de fuego. Hirviendo los colores del arco-iris en un caldero, fue capaz de recolocar las estrellas en su lugar, pero no consiguió encontrar dos pequeños pedacitos y el firmamento quedó incompleto.

Este es el origen del amor: dos almas siempre están recorriendo la Tierra buscando su Otra Parte. Cuando se encuentran, consiguen encajar los dos pedazos que faltan en el cielo y el Universo entero pasa a tener sentido para la pareja.

Mientras el tren transiberiano atraviesa esta larga estepa, pienso constantemente en eso.

*****

Por increí­ble que parezca, mucha gente tiene miedo de la felicidad. Para estas personas estar bien significa mudar una serie de hábitos y perder su propia identidad.

Muchas veces nos juzgamos indignos de las cosas que nos suceden. No aceptamos los milagros, porque aceptándolos nos da la sensación de estar en deuda con Dios, además tenemos miedo de “acostumbrarnos” a la felicidad.

Pensamos: “Es mejor no probar el cáliz de la alegrí­a, porque cuando éste nos falte, iremos a sufrir mucho.”

Por miedo a disminuir, dejamos de crecer. Por miedo a llorar, dejamos de reí­r.

*****

En el tren encuentro a alguien que viene de Marruecos y me cuenta una historia curiosa sobre cómo ciertas tribus del desierto ven el pecado original.

Eva paseaba por los Jardines del Edén cuando la serpiente se aproximó.

“Come esta manzana”, dijo la serpiente.

Eva, muy bien instruida por Dios, se recusó.

“Come esta manzana, insistió la serpiente, necesitas estar más hermosa para tu hombre” .

” No lo necesito, Eva respondió, él no tiene otra mujer más que yo.”

La serpiente se rió: “Claro que tiene”.

Y como Eva no le creyó, la condujo hasta lo alto de una colina donde habí­a un pozo.

“Ella está dentro de esta caverna; Adán la escondió aquí­”.

Eva se agachó y vio reflejada en el agua del pozo, a una linda mujer. Enseguida comió la manzana que la serpiente le ofrecí­a.

Según esta misma tribu de Marruecos, vuelve al Paraí­so todo aquel que se reconoce en el reflejo del pozo y no siente más temor de sí­ mismo.

© Traducción: Marí­a Angélica La Valle de Uranga

Próximo texto: 04.06.06.

P.S: Caro lector,

En este camino que me está llenando el espí­ritu con experiencias interesantí­simas, uno de los momentos más mágicos es cuando, durante la noche, puedo leer sus cometarios en el blog. Mismo que no pueda responder a todos, quiero que sepan que es muy importante para mi saber que no estoy solo en este camino. Muchas gracias por su soporte y por las palabras e ideas que seguirán grabadas en mí­ corazón.

Paulo Coelho

Continua sendo impossí­vel escrever no trem, por causa do movimento. Encontro leitores nas estaí§íµes (vejam as fotos na galeria), converso com eles, aprendo muito de seus olhos e das poucas palavras que podemos trocar. Uns contam histórias, outros falam de seus lugares e de suas regiíµes.

Um deles me diz:

“Vocíª sabe exatamente onde está agora? Vocíª está numa estaí§í£o de trem, junto com muita gente, e neste momento existe uma grande chance de várias pessoas abrigarem em seus coraí§íµes as mesmas esperaní§as e desesperaní§as que vocíª abriga.”

“Vamos adiante: vocíª é um pontinho microscópico na superfí­cie de uma bola. Esta bola gira em torno de outra, que por sua vez está localizada num cantinho de uma galáxia, junto com milhíµes de bolas semelhantes.”

“Esta galáxia faz parte de algo chamado Universo, cheio de gigantescos aglomerados estelares. Ninguém sabe exatamente onde comeí§a e onde termina o que chamam de Universo.”

“Mesmo assim, ní£o se deixe vencer pelo cansaí§o da viagem: vocíª luta, se esforí§a, e tenta melhorar, tem sonhos, fica alegre ou triste por causa do Amor. Se vocíª ní£o estivesse vivo, algo ia estar faltando.”

Ní£o sei de onde o leitor tirou estas palavras (ele estava lendo um papel) mas eu precisava ouvi-las naquele momento.

*****

Duas paradas mais adiante, uma leitora me conta uma história sobre um carpinteiro e seus auxiliares que viajavam pela proví­ncia de Qi (estamos, neste momento muito perto da China), em busca de material para construí§íµes. Viram uma árvore gigantesca; cinco homens de mí£os dadas ní£o conseguiam abraí§á-la, e seu topo era tí£o alto que quase tocava as nuvens.

– Ní£o vamos perder nosso tempo com esta árvore – disse o mestre carpinteiro.- Para cortá-la, demoraremos muito. Se quisermos fazer um barco, ele afundará, de tí£o pesado o seu tronco. Se resolvermos usá-la para a estrutura de um teto, as paredes terí£o que ser exageradamente resistentes.

O grupo seguiu adiante. Um dos aprendizes comentou:

– É uma árvore tí£o grande e ní£o serve para nada!

– Vocíª está enganado – disse o mestre carpinteiro. – Ela seguiu seu destino a sua maneira. Se fosse igual as outras, nós já a terí­amos cortado, mas porque teve coragem de ser diferente, permanecerá viva e forte por muito tempo.

*****

Os taoí­stas contam que, no iní­cio dos tempos, o Espí­rito e a Matéria lutaram entre si um combate mortal. Finalmente o Espí­rito triunfou – e a Matéria foi condenada a viver para sempre no interior da Terra.

Antes que isto acontecesse, porém, sua cabeí§a bateu no firmamento, e reduziu a pedaí§os o céu estrelado.

A deusa Niuka saiu do mar, resplandecente em sua armadura de fogo. Fervendo as cores do arco-í­ris num caldeirí£o, foi capaz de recolocar as estrelas em seu lugar, mas ní£o conseguiu encontrar dois pequenos cacos, e o firmamento ficou incompleto.

Esta é a origem do amor: duas almas sempre estí£o percorrendo a Terra, em busca de sua Outra Parte. Quando encontram, conseguem encaixar os dois pedaí§os que faltam no céu, e o Universo inteiro passa a fazer sentido para o casal.

Enquanto o trem transiberiano atravessa esta longa estepe, penso constantemente nisso.

*****

Por incrí­vel que pareí§a, muita gente tem medo da felicidade. Para estas pessoas, estar de bem com a vida significa mudar uma série de hábitos – e perder sua própria identidade.

Muitas vezes nos julgamos indignos das coisas boas que acontecem conosco. Ní£o aceitamos os milagres – porque aceitá-los nos dá a sensaí§í£o de que estamos devendo alguma coisa a Deus. Além disso, temos medo de nos “acostumar” com a felicidade.

Pensamos: “é melhor ní£o provar o cálice da alegria, porque, quando este nos faltar, iremos sofrer muito”.

Por medo de diminuir, deixamos de crescer, Por medo de chorar, deixamos de rir.

*****

No trem, encontro alguém que chega de Marrocos e me conta uma curiosa história sobre como certas tribos do deserto víªem o pecado original.

Eva passeava pelo Jardim do Éden, quando a serpente se aproximou.

“Coma esta maí§í£”, disse a serpente.

Eva, muito bem instruí­da por Deus, recusou.

“Coma esta maí§í£”, insistiu a serpente, “porque vocíª precisa ficar mais bela para o seu homem”.

” Ní£o preciso”, respondeu Eva. “Porque ele ní£o tem outra mulher além de mim”.

A serpente riu:

“Claro que tem”.

E como Eva ní£o acreditasse, levou-a até o alto de uma colina, onde existia um poí§o.

“Ela está dentro desta caverna; Adí£o escondeu-a ali”.

Eva debruí§ou-se e viu, refletida na água do poí§o, uma linda mulher. Na mesma hora comeu a maí§í£ que a serpente lhe oferecia.

Segundo esta mesma tribo de Marrocos, volta ao Paraí­so todo aquele que se reconhece no reflexo do poí§o, e ní£o teme mais a si mesmo.

Próximo texto: 04.06.06

P.S: Estimado leitor,

Durante esta caminhada, que está enchendo minha alma de experiíªncias interessantí­ssimas, um dos momentos mais mágicos é quando chega a noite e posso ler os comentários no blog. Embora ní£o tenha como responder a todos, saibam que é muití­ssimo importante para mim entender que ní£o estou só neste caminho. Muito obrigado pelo apoio e pelas palavras e idéias que estí£o sendo gravadas em meu coraí§í£o.

Paulo Coelho

It is still impossible to write on the train, because of all the shaking. I meet readers at the stations (see the photos in the gallery), talk with them, learn a lot from their eyes and the few words we manage to exchange. Some tell stories, others talk of their cities and the regions they come from.

One of them tells me: “Do you know exactly where you are right now? You are in a train station, along with many other people, and at this very moment there is a good chance that many people hold in their hearts the same hopes and despair as you.

“Let’s go on: you are a microscopic dot on the surface of a ball. This ball revolves around another, which in turn is located in a little corner of a galaxy, together with millions of similar balls.

“This galaxy is part of something called the Universe, full of gigantic stellar agglomerations. Nobody knows exactly where what we call the Universe starts and ends.

“Even so, don’t let yourself be beaten by the fatigue of the journey: you fight, make efforts, and try to improve, you have dreams, grow happy or sad because of Love. If you weren’t alive, something would be missing.”

I do not know where the reader found these words (he was reading from a piece of paper), but those are the words I needed to hear at that moment.

*****

Two stops further ahead, a reader tells me a story about a carpenter and his assistants traveling through the province of Qi (at the moment we are very near China), in search of building material. They saw a giant tree, so big that five men holding hands cannot embrace it, and so tall that it touches the clouds.

“Let’s not waste our time on this tree,” said the master carpenter. “It will take us so long to cut it down. If we want to make a boat, the trunk is so heavy that it will sink. If we decide to use it for the structure of a roof, the walls will have to be made exaggeratedly thick.”

The group continued on its way. One of the apprentices remarked:

“Such a big tree and no use for anything!”

“You are wrong,” said the master carpenter. “It has followed its destiny in its own way. If it were like the others, we would have cut it down. But because it had the courage to be different, it will stay alive and strong for a long time.”

*****

The Taoists tell that in the beginning of time Spirit and Matter waged a mortal combat. Finally Spirit triumphed – and Matter was condemned to live for ever inside the Earth.

Before that happened, however, his head hit against the firmament and broke the star-filled sky into pieces.

The goddess Niuka emerged from the sea, resplendent in her armor of fire. Boiling the colors of the rainbow in a cauldron, she managed to put the stars back in their proper places, but was unable to find two small slivers, and the firmament was incomplete.

This is the origin of love: two souls are always crossing the Earth, each in search of its Other Part. When they meet, they manage to fit together the two parts that are missing in the sky and the whole Universe then makes sense to the couple.

I think constantly about this as the Trans-Siberian train crosses this long steppe.

*****

Unbelievable as it may sound, many people are afraid of happiness. To these people, feeling good with life means changing a whole set of habits – and losing their own identity.

We often feel unworthy of the good things that happen to us. We do not accept miracles – because accepting them makes us feel that we owe something to God. Besides, we are afraid of “getting used” to happiness.

We think: “better not to drink of the cup of happiness, because we will miss it so much when we no longer have it”.

For fear of diminishing, we stop growing. For fear of crying, we stop laughing.

*****

In the train I meet someone coming from Morocco who tells me a strange story about how certain desert tribes see original sin.

Eve was strolling in the Garden of Eden when the serpent came up to her.

“Eat this apple”, said the serpent.

Very well instructed by God, Eve refused.

“Eat this apple”, insis¬ted the serpent,” because you have to make yourself more beautiful for your man”.

“I don’t have to”, answered Eve. “Because he has no other woman but me”.

The serpent laughed: “Of course he does”.

And since Eve did not believe him, he led her to the top of a hill, where there was a well.

“She is inside this cave; Adam hid her there”.

Eve leaned over and saw a beautiful woman reflected in the water of the well. Immediately she ate the apple that the serpent offered her.

According to this same Moroccan tribe, all those who recognize themselves in the reflection of the well and are no longer afraid of themselves, return to Paradise.

The next text will be posted on the 4th of June.

P.S: Dear reader,

During this journey, that is filling my soul with very interesting experiences, one of the most magical moments comes every night when I read the comments posted on this blog. Even though I can’t answer all of you, I want you to know that it’s very important to me to know that I’m not alone on this path. Thank you so much for your support and for the words and ideas that are now engraved on my heart.

Paulo Coelho

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